As Cúpulas do Clima da ONU são reuniões anuais de alto nível governamental focadas na ação climática. São também referidas como COPs, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, Unfccc. A convenção da Unfccc entrou em vigor em 21 de março de 1994 para evitar interferências humanas “perigosas” no sistema climático. Hoje, ratificada por 198 países, tem adesão quase universal. O Acordo de Paris, adotado em 2015, funciona como uma extensão dessa convenção.
Espera-se que mais de 60 mil representantes participem na COP28, incluindo os Estados-membros da Unfccc, líderes da indústria, jovens ativistas, integrantes de comunidades indígenas, jornalistas e outras partes interessadas.
A COP28 proporcionará um panorama da realidade atual, com o culminar de um processo denominado “Balanço Global”. O objetivo é avaliar até que ponto o mundo avançou no combate à crise climática e em que medida é necessária uma correção de rumo.
Desde a adoção do Acordo Climático de Paris na COP21, em 2015, as conferências subsequentes focaram na implementação do seu objetivo principal: Limitar o aumento da temperatura média global para bem abaixo dos 2°C e avançar nos esforços para limitar o aumento a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Em Paris o acordo foi forjado. Em Katowice, onde aconteceu a COP24, e em Glasgow, palco da COP26, foi elaborado o plano de ação. Na COP27, em Sharm el-Sheikh, começou a fase da implementação.
Agora, espera-se que a COP28 seja um ponto de virada, onde os países não só decidirão sobre quais ações climáticas mais fortes devem ser tomadas, mas também “como” realizá-las. Medir o progresso em relação aos objetivos de Paris em temas como mitigação, adaptação e financiamento climático e adaptar os planos existentes é uma parte fundamental dos esforços. Por isso, a COP28 tem grande importância.
O primeiro Balanço Global, que começou na COP26 em Glasgow, será concluído em Dubai. O processo foi concebido para ajudar a identificar o que ainda precisa ser feito e orientar os países para planos de ação climática mais ambiciosos e acelerados.
Nesse contexto, a decisão que será adotada pelos países na COP28 poderá se destacar como o resultado mais importante após a Conferência de Paris de 2015. Literalmente, a saúde do planeta Terra e o bem-estar da humanidade estão em jogo.
“A Antártida foi chamada de gigante adormecido, mas agora está sendo despertada pelo caos climático”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a sua visita à Antártida antes da COP28.
O gelo marinho da Antártida está no nível mais baixo de todos os tempos. Novos números mostram que, em setembro deste ano, o nível estava 1,5 milhões km2 menor do que a média para esta época do ano, “uma área aproximadamente do tamanho de Portugal, Espanha, França e Alemanha juntos”.
“Tudo isso significa uma catástrofe em todo o mundo. O que acontece na Antártica não fica na Antártida. E o que acontece a milhares de quilômetros de distância tem um impacto direto aqui”, disse Guterres.
Mais de um século de queima de combustíveis fósseis e uso insustentável da energia e do solo já causaram um aquecimento global de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais. É provável que cada aumento do aquecimento exacerbe a intensidade e a frequência de fenômenos meteorológicos extremos, como ondas de calor, inundações, tempestades e alterações climáticas irreversíveis.
Este 2023 está prestes a se tornar o ano mais quente já registrado. Além disso, os últimos oito anos foram os mais quentes já registados a nível mundial, alimentados pelo aumento das concentrações de gases do efeito estufa. A luta contra as alterações climáticas é, sem dúvida, o maior desafio da nossa época. A COP28 é uma oportunidade crucial para o mundo se unir e tomar medidas decisivas para combater esta crise. A hora de agir é agora.
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