Meio Ambiente

Importância da população local na regeneração dos manguezais

 

Os manguezais, presentes de Norte a Sul do Brasil, são ecossistemas vitais que conectam o ambiente terrestre ao mar. Localizados nas áreas de transição entre águas doces de rios e águas salgadas do oceano, os mangues desempenham um papel crucial no ciclo de vida de muitas espécies, além de serem aliados valiosos na luta contra as mudanças climáticas.

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De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), eventos climáticos extremos se tornarão mais frequentes e intensos nos próximos anos. Secas prolongadas, chuvas torrenciais, ciclones e ondas de calor serão cada vez mais comuns, em um intervalo de tempo cada vez menor entre um desastre e outro.

As mudanças climáticas, resultado da concentração de carbono na atmosfera, destacam a importância dos manguezais, conhecidos por sua extraordinária capacidade de armazenamento de carbono, denominada “carbono azul”. Além disso, suas raízes ajudam a reduzir a erosão costeira, agindo como barreiras naturais contra ondas fortes e inundações.

Apesar de sua relevância na mitigação das mudanças climáticas, os manguezais têm sofrido um declínio alarmante. Segundo a ONU, metade dos manguezais do mundo desapareceram nos últimos 40 anos, e apenas 12% do que resta está no Brasil. A Amazônia abriga 80% dos manguezais do país, mas enfrenta desafios como o crescimento urbano, a poluição por resíduos domésticos e industriais e a exploração madeireira excessiva.

Essas atividades impactam negativamente os manguezais, reduzindo as áreas disponíveis e afetando a vida marinha, essencial para as comunidades locais, que dependem desses ecossistemas para subsistência. Diante da maior seca já registrada na Amazônia, é fundamental reconhecer a capacidade de adaptação dos manguezais às mudanças climáticas, garantindo sua preservação e fortalecendo a resiliência das comunidades vulneráveis.

Nesse contexto, a população local desempenha um papel crucial na regeneração dos manguezais. Mapeando áreas degradadas e implementando intervenções, essas comunidades utilizam seus conhecimentos tradicionais para promover a restauração da vegetação manguezal. Projetos como o “Mangues da Amazônia”, conduzido pelo Instituto Peabiru e pela Associação Sarambuí, são exemplos inspiradores desse trabalho.

O “Mangues da Amazônia” concentra esforços na recuperação de áreas degradadas e na conservação de manguezais em Reservas Extrativistas Marinhas (RESEX) no nordeste do Pará. Com mais de 14 hectares de manguezais recuperados e mais de 200 mil mudas plantadas, o projeto visa sequestrar 440 toneladas de carbono por ano quando as árvores atingirem a maturidade.

Em parceria com o Laboratório de Ecologia de Manguezal (LAMA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), o projeto combina o conhecimento científico com o saber tradicional das comunidades locais. O engajamento da população fortalece as atividades de pesquisa e monitoramento, garantindo uma abordagem integrada e participativa na conservação dos manguezais.

Por meio da educação ambiental e da promoção da ciência comunitária, o projeto capacita as comunidades a liderarem iniciativas de conservação em seus territórios. As técnicas desenvolvidas pelo “Mangues da Amazônia” estão sendo replicadas em outras áreas da Amazônia Legal, demonstrando o poder da população local na regeneração dos manguezais e na construção de um futuro sustentável.

Redação Revista Amazônia

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