3 sinais de que a presença da onça-parda está crescendo
Você pode estar mais perto de uma onça-parda do que imagina. Mesmo sem vê-la, a espécie tem reaparecido em áreas onde se acreditava extinta, incluindo regiões próximas a centros urbanos. Esse retorno silencioso é um reflexo de mudanças no meio ambiente, no comportamento humano e na própria adaptação do animal. Mas como identificar esse fenômeno em curso?
A onça-parda (Puma concolor), também conhecida como suçuarana ou puma, é uma das espécies de felinos mais furtivas das Américas. Nos últimos anos, pesquisadores e moradores têm relatado sua presença em locais improváveis, como margens de plantações, reservas periurbanas e até nas proximidades de condomínios rurais. Esse movimento não é por acaso: a onça-parda está se adaptando, silenciosamente, aos novos cenários.
Um dos primeiros indícios da presença da onça-parda são os rastros que ela deixa — quase sempre em silêncio e longe dos olhos humanos. Pegadas grandes, de até 9 cm de largura, com quatro dedos e sem marcas de garras (diferente de cães), podem aparecer em trilhas de mata, estradas de terra ou até em terrenos de sítios. Além disso, fezes com restos de pelos ou ossos, deixadas em locais elevados como pedras ou troncos, são um sinal típico desse felino territorial.
Essa prática de marcar pontos altos é um comportamento instintivo que permite que a onça delimite seu território e evite encontros desnecessários com outros indivíduos. Se moradores da zona rural ou aventureiros têm notado esse tipo de evidência com mais frequência, pode ser um indicativo de que o animal está ocupando a área de forma constante.
O aumento do uso de câmeras de segurança em áreas rurais e periurbanas tem revelado mais do que ladrões: diversos registros mostram onças-pardas passeando tranquilamente durante a madrugada. Em regiões como a Serra da Mantiqueira, interior de São Paulo e sul de Minas Gerais, é crescente o número de avistamentos feitos por armadilhas fotográficas ou câmeras de propriedades privadas.
Em muitos desses vídeos, o felino aparece sozinho, percorrendo caminhos já usados por humanos ou gado — outro indício de que ele está se adaptando à paisagem antropizada. A facilidade de acesso a alimentos, como animais de criação ou presas naturais que também se aproximam de áreas humanas, torna esse ambiente atrativo, mesmo que mais arriscado.
Quando uma onça-parda se estabelece em um novo território, ela muda a dinâmica ecológica daquele ambiente. Moradores e observadores atentos podem notar, por exemplo, uma redução no número de capivaras, veados e tatus — presas naturais da espécie. Além disso, outros predadores, como jaguatiricas ou cachorros-do-mato, tendem a evitar a área, percebendo a presença do felino maior.
Esse fenômeno, conhecido como “paisagem do medo”, cria um novo equilíbrio ecológico e pode até beneficiar a regeneração de florestas, já que a diminuição da herbivoria de alguns animais favorece o crescimento de novas plantas. Em certos locais do Cerrado e da Mata Atlântica, esse reequilíbrio vem sendo registrado por biólogos como uma forma de “retorno natural da floresta”.
O aumento da presença da onça-parda em áreas próximas ao ser humano não significa, necessariamente, um risco iminente. Ao contrário de sua prima onça-pintada, a suçuarana evita ao máximo qualquer interação com pessoas. No entanto, esse retorno levanta a necessidade de políticas públicas mais sólidas para preservar corredores ecológicos, garantir segurança para criadores de animais e educar a população local sobre convivência com a fauna nativa.
Em algumas regiões, programas de compensação por perdas, instalação de cercas apropriadas e oficinas de educação ambiental têm demonstrado resultados positivos, mostrando que é possível viver em harmonia com um predador silencioso, mas essencial para o equilíbrio do ecossistema.
O retorno da onça-parda não é apenas uma curiosidade da natureza. É um lembrete — e talvez um alerta — de que, mesmo em meio ao avanço urbano e à fragmentação de habitats, a vida selvagem ainda encontra caminhos para resistir e retornar. Cabe a nós perceber os sinais e aprender a coexistir com esse símbolo de força e resiliência.
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