A Sky News destacou que a COP30, em andamento em Belém (PA), começou em meio a fortes controvérsias sobre sua localização, o custo do evento e o descompasso entre as promessas e ações climáticas de diversos países.
A conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que reúne líderes e especialistas de mais de 190 países, ocorre de 10 a 21 de novembro, no coração da Amazônia — uma escolha considerada “simbólica, mas arriscada”, segundo a emissora britânica.
“A COP30 chega em um momento particularmente delicado para a ação climática”, afirmou o jornalista Jake Levison, em reportagem publicada nesta terça-feira (11).
Para o governo brasileiro, sediar a conferência na Amazônia é um gesto de reafirmação ambiental e política.
Mas, segundo a Sky News, a escolha da cidade de Belém gerou críticas dentro e fora do país: com infraestrutura precária e forte desigualdade social, o município enfrenta dificuldades para receber os cerca de 50 mil participantesesperados.
A reportagem aponta que até motéis e salas de aula foram adaptados para acomodar visitantes, enquanto os preços dos hotéis subiram a níveis recordes, ultrapassando centenas de dólares por noite.
“Alguns países chegaram a pressionar o Brasil para mudar a cidade-sede”, informou a emissora.
O governo federal investiu US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) em obras emergenciais, incluindo novos hotéis, parques e drenagem urbana, mas as críticas continuam — especialmente sobre o impacto social e ambiental das obras.
Um dos pontos mais polêmicos levantados pela Sky News é o avanço da exploração de petróleo na Amazônia, mesmo às vésperas da COP.
A estatal Petrobras recebeu licença para perfuração na foz do Rio Amazonas apenas duas semanas antes da conferência, o que gerou repercussão negativa internacional.
“O governo brasileiro enfrenta críticas por continuar ampliando licenças de exploração de petróleo e gás, enquanto o país busca se posicionar como líder da agenda climática”, destaca a reportagem.
A decisão contradiz o discurso oficial de que esta seria “a COP da verdade” e da implementação, reforçando as acusações de “hipocrisia verde” feitas por ativistas.
A Sky News também observou que menos de 60 chefes de Estado confirmaram presença na COP30 — número bem inferior aos 150 líderes que participaram da edição anterior, em Dubai.
Entre as ausências mais notadas está a do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que voltou a chamar as mudanças climáticas de “uma farsa” na Assembleia-Geral da ONU e retirou novamente o país do Acordo de Paris.
Outros líderes também se ausentaram por crises políticas internas — como o premiê da Bélgica — ou por desinteresse diplomático, o que reforça a percepção de esvaziamento político da conferência.
“As COPs nasceram para unir o mundo em torno da ação climática. Mas o que se vê agora é um mundo fragmentado e cansado”, resume o texto.
Belém, localizada na borda da floresta amazônica, foi escolhida por seu valor simbólico e estratégico — mas também se tornou símbolo das contradições do debate climático.
Enquanto o Brasil se apresenta como guardião da floresta, o país ainda figura entre os dez maiores emissores de CO₂ do planeta e pretende se tornar um dos cinco maiores produtores de petróleo até 2030.
A reportagem cita que moradores da Amazônia e povos indígenas vivem os impactos diretos da crise climática — como secas severas, queimadas e desmatamento — e questionam se o evento realmente trará mudanças práticas.
“A COP30 quer mostrar que a Amazônia é parte da solução climática, mas continua sendo tratada como fonte de exploração econômica”, afirma a Sky News.
A COP30 é vista como um ponto de virada: ocorre dez anos após o Acordo de Paris, em um momento em que as metas climáticas estão em risco.
Mais de dois terços dos países signatários perderam o prazo para atualizar seus compromissos de redução de emissões, e as temperaturas globais já superaram o limite de 1,5°C em alguns períodos de 2024.
Mesmo assim, há sinais de esperança: segundo a ONU, os novos planos climáticos são mais ambiciosos e podem representar a primeira queda global nas emissões, graças à expansão recorde de energia solar e eólica.
A expectativa é que China e Brasil assumam papel de liderança neste cenário — embora ambos enfrentem pressões internas e externas por maior coerência entre discurso e prática.
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