A Crotalária-da-canga: Uma Alternativa Sustentável para a Recuperação de Áreas Mineradas na Amazônia

A mineração é uma atividade que impacta significativamente o meio ambiente, especialmente em áreas de grande importância industrial e social como a região de Carajás, no Pará. No entanto, um estudo recente do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e universidades parceiras trouxe uma nova perspectiva para a recuperação dessas áreas.

A Descoberta

Os pesquisadores descobriram que a espécie nativa Crotalaria maypurensis, popularmente conhecida como crotalária-da-canga, tem tanto potencial quanto a espécie exótica para a recuperação de áreas degradadas pela mineração. Este achado, publicado na edição de dezembro de 2023 da revista científica “Journal of Forest Research”, representa um avanço significativo na busca por técnicas de recuperação mais eficientes e sustentáveis.

O Estudo

O estudo comparou os efeitos da adubação mineral e orgânica no crescimento e no metabolismo de carbono e nitrogênio de duas espécies de crotalária — a Crotalaria spectabilis, que é exótica na região, e a Crotalaria maypurensis, que é nativa. Foram testados seis tipos de fertilizantes nas amostras da planta, estabelecida numa área de mina de ferro de Carajás.

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Os Resultados

Os resultados mostraram que a espécie local é tão eficaz na cobertura do solo quanto a exótica, que é mais comercializada. Segundo o pesquisador Silvio Junio Ramos, do ITV, “ambas as espécies têm crescimento rápido e são produtoras de sementes, critérios importantes para a seleção de espécies na recuperação de áreas mineradas”.

Benefícios Ambientais e Sociais

A crotalária já é muito utilizada na recuperação de solo em Carajás, região com grandes complexos de mineração. O uso da Crotalaria maypurensis pode trazer mais benefícios do ponto de vista ambiental, pois ela apresenta maior tolerância às condições locais. Além disso, a espécie nativa pode gerar mais renda para catadores de sementes, que se organizam em cooperativas na região.

Este é um dos poucos trabalhos que compara uma espécie de crotalária nativa com uma comercial. O pesquisador ressalta a necessidade de mais estudos sobre o uso de espécies nativas para recuperar as áreas de mineração do Carajás levando em conta a diversidade de composição de seus solos. “Temos que seguir investindo na recuperação das áreas impactadas pela mineração e buscar respostas e alternativas para maior eficiência deste processo nesta região, que tem grande importância industrial e social na Amazônia”, conclui Ramos.

Redação Revista Amazônia

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