A língua considerada a mais difícil do mundo é falada pelo povo Pirahã, ou Pirarrã, que habita o sul do Amazonas. Esse idioma singular, o único remanescente do tronco linguístico Mura, é caracterizado pela utilização de apenas três vogais e seis consoantes. Curiosamente, o idioma emprega apenas o tempo verbal presente e não distingue entre singular e plural em seus substantivos.
Os Pirahã, que somam cerca de 400 indivíduos vivendo nas margens do Rio Maici, têm uma visão de mundo única. Eles não possuem sistema numérico, não diferenciam cores (usam apenas termos para “mais claro” ou “mais escuro”) e não têm deuses ou mitologias, pois acreditam que o universo, o céu e a Terra sempre existiram. Sua crença se restringe ao que pode ser provado, visto ou sentido.
A simplicidade fonética é uma das marcas do idioma, que utiliza apenas as vogais A, I, O e as consoantes G, H, S, T, P e B. A comunidade Pirahã é monolíngue, o que significa que eles falam exclusivamente seu idioma nativo. Além disso, eles são seminômades, deslocando-se ocasionalmente.
De acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), a língua Pirahã é tonal, permitindo modos de comunicação únicos, como gritos e assobios, utilizados especialmente durante expedições por rios ou florestas. Outra forma peculiar de comunicação é o “falar-comendo”, onde a entonação permite a conversa enquanto mastigam alimentos. A tonalidade é crucial, pois algumas palavras podem ter significados diferentes dependendo da maneira como são pronunciadas.
Há também uma variação na pronúncia dos fonemas, com uma sétima consoante semelhante ao K, usada exclusivamente por homens. Embora alguns homens falem português, as mulheres são restritas ao uso do idioma pirahã.
A intrigante cultura linguística dos Pirahã foi explorada no documentário “The Grammar of Happiness” (2012), que narra as pesquisas do linguista americano Daniel Everett com o povo. Em 2016, Rolf Theil, professor de linguística da Universidade de Oslo, afirmou categoricamente: “A língua mais difícil do mundo é, sem dúvida, o pirahã”. Especialistas indicam que, devido à sua complexidade, aprender o pirahã poderia levar cerca de 10 anos para alguém com uma memória mediana.
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