Tiago Henrique Karai Djekupe, um xondaro ruwixa (líder entre os guerreiros) da Terra Indígena Jaraguá, é um desses defensores. Ele relata uma tentativa de homicídio ocorrida no início deste ano, um reflexo da realidade enfrentada por muitos ativistas de direitos humanos no Brasil. “Pessoas passam na frente da aldeia e ameaçam com arma. Apontam. Falam na região que minha cabeça está a prêmio. Isso é o que vem trazendo essa dificuldade de eu conseguir… viver mesmo”, declara o jovem de 29 anos, estudante de arquitetura e urbanismo da Escola da Cidade.
A Terra Indígena Jaraguá, lar de Djekupe, tem uma história longa e tumultuada. Originalmente parte de um aldeamento do século 17, o Barueri, a terra foi colonizada ao longo dos séculos, levando à morte de muitos indígenas e à adoção da cultura dos colonizadores por outros. No entanto, alguns resistiram.
Nos anos 1960, a família de Djekupe foi expulsa de outro aldeamento guarani, no Sul do Brasil. Forçados a se mudar para São Paulo, encontraram guaranis remanescentes do Barueri no Pico do Jaraguá, um pedaço preservado da Mata Atlântica em plena cidade de São Paulo.
A terra foi demarcada em 1987 como a menor reserva indígena do Brasil, com apenas 1,7 hectare. Em 2015, a terra foi ampliada para 532 hectares, mas em 2016, uma portaria reduziu o território novamente para 3 hectares. Os indígenas recorreram à Justiça e conseguiram suspender a vigência da portaria, mas a ameaça de redução do território continua a assombrar os guaranis do Jaraguá.
A luta de Djekupe e de outros defensores dos direitos humanos no Brasil é uma luta pela sobrevivência, pelo direito à terra e pela preservação do meio ambiente. Eles enfrentam a violência e a ameaça constante de poderosos interesses econômicos. A família Pereira Leite é apenas uma das 15 que reivindicam a propriedade de partes da Terra Indígena Jaraguá.
A luta por direitos no Brasil é atravessada por uma dicotomia que persiste desde o passado escravagista do país, uma dicotomia entre os “alguém” e os “ninguém”, como coloca o psicanalista Christian Dunker, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP).
A luta silenciosa dos defensores dos direitos humanos no Brasil continua, apesar dos riscos e desafios. Eles são a linha de frente na batalha pelos direitos e garantias fundamentais, uma batalha que é vital para o futuro do país. Eles são os verdadeiros heróis, os guerreiros silenciosos que lutam pela justiça e pela igualdade, mesmo diante do perigo.
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