Meio Ambiente

A Noruega e a Controvérsia da Mineração no Fundo do Mar

A busca por metais críticos no fundo do mar tem ganhado destaque na agenda energética global. Esses minerais são essenciais para a fabricação de baterias e outros equipamentos necessários para a eletrificação do transporte e outros setores econômicos. No entanto, especialistas alertam para o potencial devastador dessa atividade para a biodiversidade marinha e os ecossistemas oceânicos.

Noruega: Pioneira na Mineração Subaquática

Contrariando as advertências científicas, a Noruega, que se orgulha de ser um defensor global do meio ambiente e está atualizada no combate às mudanças climáticas, aprovou recentemente um projeto de lei que acelera a mineração no fundo do mar. Com isso, a nação nórdica se tornou a primeira do mundo a avançar com essa prática controversa em escala comercial.

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O plano aprovado se refere às águas oceânicas norueguesas. No entanto, um acordo sobre a mineração em águas internacionais também pode ser fechado este ano. Mesmo sem um tratado mundial, a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA), ligada à ONU, já começou a aceitar pedidos de empresas que desejam explorar recursos minerais nas profundezas dos oceanos em áreas internacionais.

Impactos Ambientais

O governo norueguês afirma que está sendo cauteloso e só começará a emitir licenças quando forem realizados estudos ambientais adicionais. No entanto, já se sabe que a proposta do país abrirá 280 mil km² de suas águas nacionais para a exploração desses recursos – uma área maior do que o Reino Unido e o estado de São Paulo.

Em novembro, 120 membros da União Europeia lançaram uma carta aberta apelando ao parlamento norueguês para rejeitar o projeto devido ao risco dessa atividade para a biodiversidade marinha e para a aceleração das mudanças climáticas. O documento também afirma que a avaliação de impacto realizada pela Noruega apresenta muitas lacunas.

As técnicas de exploração de minerais do fundo do mar podem gerar poluição sonora e luminosa significativa, bem como danos ao habitat dos organismos que dependem dos nódulos – rochas do tamanho de batatas que contêm minerais como lítio, escândio e cobalto.

Peter Haugan, diretor político do Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega e diretor do Instituto Geofísico da Universidade de Bergen, disse que os planos da Noruega vão contra os conselhos científicos e podem colocar em perigo a biodiversidade marinha. “Destruir áreas muito sensíveis e vulneráveis e eliminar a biodiversidade é um risco real.” Além disso, destacou que a decisão também pode ser uma “violação da lei”, devido à falta de provas científicas necessárias para avaliar os impactos ambientais de futuras atividades mineiras, o que é legalmente necessário para que tais decisões sejam tomadas.

A mineração no fundo do mar é uma questão complexa que envolve a necessidade de metais para a transição energética e a proteção da biodiversidade marinha. É essencial que as decisões tomadas levem em consideração os conselhos científicos e as possíveis consequências ambientais. Afinal, uma vez que a biodiversidade marinha é perdida, pode ser impossível recuperá-la.

Redação Revista Amazônia

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