Saúde

A Revolução da Vacinação contra a Dengue no Brasil

O Brasil está prestes a fazer história na luta contra a dengue. A partir de fevereiro, o Sistema Único de Saúde (SUS) começará a oferecer a vacina Qdenga, tornando o Brasil o primeiro país do mundo a realizar a vacinação contra a dengue através do sistema público de saúde.

A Qdenga: Uma Nova Esperança

Desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, a vacina Qdenga (TAK-003) foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023. Recomendada para pessoas entre 4 e 60 anos, a vacina é administrada em duas doses, com um intervalo de três meses. Mesmo aqueles que já tiveram dengue podem receber a vacina.

Como Funciona a Vacina

Segundo o médico infectologista Fernando Chagas, a vacina contra a dengue é composta de um vírus atenuado, ou seja, um vírus vivo, mas enfraquecido e com fragmentos dos outros 3 tipos de dengue que circulam pelo mundo.

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“Nós temos 4 tipos de dengue que a gente classifica como DENV 1, DENV 2, DENV 3 e DENV 4. A vacina é um vírus do tipo DENV 2, mas com fragmentos dos outros 1, 3 e 4 que uma vez no nosso corpo, estimula a produção de anticorpos e de defesa celular contra os 4 tipos de dengue. Nos estudos, foi mostrado uma eficácia de média de 80% na diminuição de casos e das pessoas que desenvolveram uma doença mais de 90% no risco de evoluir para forma grave. Então, é uma efetividade muito alta”, explica Chagas.

Efeitos Adversos e Contraindicações

Os efeitos adversos da vacina têm sido muito leves, geralmente ocorrendo dentro de dois dias após a aplicação. “A gente tem observado geralmente sinais e sintomas que até lembram doenças febris, como febre baixa, às vezes um pouco de dor muscular, geralmente leve. Algumas pessoas relatavam um pouco de dor de cabeça também leve, que duram em média de 1 a 3 dias. Qualquer sinal ou sintoma que passe de 3 dias a pessoa tem que considerar a possibilidade de ter adoecido concomitantemente a vacina ou até mesmo antes de receber a vacina, então é importante buscar o atendimento médico”, diz Chagas.

Por ser uma vacina composta de vírus atenuado, a Qdenga não pode ser administrada em certos grupos. “Pessoas que têm doenças que prejudiquem a imunidade ou que façam uso de medicamentos que diminuam a imunidade, por exemplo, pessoas que fazem uso de corticoides a mais de 15 dias. Assim como também as gestantes e mulheres que estão amamentando não vão poder receber a vacina porque tem um pouco de prejuízo na imunidade e a gente não sabe os reflexos da vacina na gestante e porque não se tem estudos sobre a transmissão do vírus ou da vacina para o leite”, afirma Chagas.

A Vacinação e o Futuro da Luta Contra a Dengue

Para Chagas, a vacina contra dengue é uma estratégia que pode auxiliar nas estratégias de luta contra o vírus da doença — e frear não só o avanço de número de casos, como também o número de mortes.

“Nós não temos medicamentos específicos contra o vírus da dengue. Então, as medidas que tomávamos sempre foram no sentido de controlar o vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti. E combater um inseto com a capacidade de adaptação tão grande acaba sendo muito difícil. Por isso sempre a gente acaba perdendo esta batalha. Mas a vacina acaba entrando com uma estratégia voltada diretamente contra o vírus, que se somada à estratégia que nós já temos contra o mosquito vetor, muito provavelmente a gente vai ter um impacto muito positivo, uma diminuição muito grande de não só novos casos, como também de mortes por dengue em todo o país nos próximos anos”, avalia.

Com a chegada da Qdenga, o Brasil está dando um passo importante na luta contra a dengue. A vacinação em massa pode ser a chave para controlar a doença e salvar vidas. Apenas o tempo dirá o verdadeiro impacto desta nova arma na luta contra a dengue.

Redação Revista Amazônia

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