Como funciona a escolha das comunidades atendidas
Tudo começa com a escuta ativa da população. Cada município forma uma comissão com representantes do poder público e da sociedade civil, que identifica as comunidades com maior urgência no acesso à água.
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A seleção das famílias segue critérios técnicos e sociais, priorizando aquelas chefiadas por mulheres, com crianças, pessoas com deficiência ou pertencentes a povos tradicionais.
Modelos de tecnologia adaptados à realidade local
As soluções são desenvolvidas conforme a geografia e cultura de cada região:
Mixirituba: captação de chuva e autonomia
Na aldeia indígena de Mixirituba, foi implantado o Sistema Pluvial Multiuso Autônomo, que armazena água da chuva e inclui banheiro sanitário e fossa simplificada.
Pau da Letra: solução coletiva e comunitária
Na comunidade ribeirinha de Pau da Letra, adotou-se o Sistema Pluvial Multiuso Comunitário, que capta água de rios ou poços, tratando e distribuindo para os lares. Cada casa também recebe uma estrutura própria de captação, banheiro e fossa.
Parcerias, execução e capacitação
O modelo de execução é descentralizado: o MDS firma acordos com órgãos públicos e organizações da sociedade civil. Empresas locais habilitadas são contratadas para capacitar famílias, mobilizar comunidades e instalar os sistemas.
Em média, o processo leva um mês, podendo variar conforme a logística de acesso às comunidades. A Secretaria-Executiva do Consea acompanha de perto para garantir transparência e participação.
Impactos transformadores na rotina das famílias
Segundo Camile Sahb, diretora do MDS, o acesso à água potável impacta diretamente:
- A saúde pública, reduzindo doenças de veiculação hídrica;
- A segurança alimentar, promovendo a produção local de alimentos;
- O tempo das mulheres e crianças, que deixam de buscar água em longas distâncias.
Ela destaca ainda que garantir água em meio às mudanças climáticas ajuda as famílias a se adaptarem a eventos extremos de seca.
Números que inspiram, desafios que permanecem
Os resultados são promissores:
- 18 famílias beneficiadas em Pau da Letra;
- 22 famílias atendidas em Mixirituba;
- Mais de 1,3 milhão de famílias já contempladas pelo Programa Cisternas.
No entanto, cerca de 300 mil famílias rurais ainda vivem sem acesso adequado à água potável. Em todo o país, o número chega a 1 milhão, segundo estimativas do MDS.
Desafios logísticos e necessidade de financiamento
Camile Sahb ressalta que as regiões mais afetadas — como o semiárido e a Amazônia — demandam ações específicas por conta de sua logística difícil e alta vulnerabilidade social.