Queimadas na Amazônia: uma tragédia ambiental.
Mesmo com queda no desmatamento, queimadas e seca severa ampliam a degradação florestal entre 2022 e 2024, colocando em risco compromissos internacionais do Brasil.
O Brasil se prepara para sediar a COP30 em novembro de 2025, mas um novo relatório científico acende um alerta urgente: a degradação da floresta amazônica aumentou 163% nos últimos dois anos, mesmo com o desmatamento registrando queda de mais de 50% no mesmo período.
Publicado na revista Global Change Biology, o estudo liderado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da USP e de instituições internacionais mostra que a degradação florestal silenciosa pode comprometer as metas da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira.
Enquanto o desmatamento envolve a remoção completa da vegetação nativa, a degradação enfraquece a floresta sem destruí-la por completo. Incêndios florestais, corte seletivo de árvores e o efeito de borda são os principais vetores desse processo.
Segundo os dados do Inpe, em 2024 foram degradados 25.023 km² de floresta, sendo 66% por incêndios florestais. No mesmo ano, o desmatamento caiu para 5.816 km², o menor índice em uma década.
Entre 2023 e 2024, a Amazônia enfrentou uma das secas mais intensas das últimas décadas. A falta de chuvas e o aumento de mais de 3 °C na temperatura média impulsionaram o número de queimadas, que atingiram 140.328 focos em 2024 — o maior desde 2007.
Esses fatores climáticos extremos agravam a vulnerabilidade da floresta, criando um ciclo de degradação difícil de reverter.
Graças às tecnologias de sensoriamento remoto, os pesquisadores conseguiram monitorar a degradação com maior precisão. Segundo Luiz Aragão, coordenador do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, os satélites já conseguem identificar até os estágios iniciais da degradação, permitindo prever áreas em risco.
“Hoje conseguimos não só rastrear os eventos, mas também medir suas emissões de carbono e impactos nos ciclos hidrológicos e climáticos”, afirma o pesquisador.
Outro dado alarmante: 27,4% do desmatamento em 2024 foi causado por degradação acumulada — processo no qual áreas já enfraquecidas por corte seletivo e fogo acabam colapsando. Essa modalidade de degradação aumentou 72% desde 2022.
Estima-se que 40% da floresta em pé já esteja degradada, afetando sua capacidade de capturar carbono, manter a biodiversidade e regular o clima.
O Brasil assumiu, por meio da sua NDC, o compromisso de reduzir entre 59% e 67% suas emissões líquidas até 2035. Para atingir esse objetivo, é fundamental conter não apenas o desmatamento, mas também a degradação.
Esses compromissos serão revisados na COP30, tornando a urgência da resposta ainda maior. A degradação florestal é responsável por emissões que variam de 50 a 200 milhões de toneladas de CO₂ ao ano, número comparável ao do desmatamento direto.
“Reportar as emissões de carbono associadas à degradação é um caminho sem volta”, afirma Guilherme Mataveli, primeiro autor do estudo e pesquisador do Inpe. Ele defende que combater a degradação seja uma prioridade nacional e integrada aos planos climáticos.
Com a COP30 no horizonte, o Brasil tem uma oportunidade histórica de mostrar liderança na agenda climática global. No entanto, isso exige enfrentar de forma direta e estratégica a degradação florestal.
O futuro da Amazônia – e do clima global – depende da nossa capacidade de proteger não apenas o que já foi desmatado, mas principalmente o que ainda está de pé, mas sob ameaça.
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