Imagem: Christian Braga/ClimaInfo
O crescimento acelerado da degradação da Amazônia, impulsionado principalmente por incêndios florestais, contrasta com a queda significativa do desmatamento no mesmo período. Entre 2022 e 2024, enquanto a degradação aumentou 163%, o desmatamento recuou 54%. Essa contradição representa um desafio para o Brasil, que atualmente se prepara para sediar a COP30, evento internacional sobre mudanças climáticas.
De acordo com um estudo publicado na revista Global Change Biology, realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em parceria com universidades brasileiras, britânicas e americanas, o fenômeno de degradação cresceu significativamente nos últimos anos. Em 2024, foram registrados 25.023 km² de floresta degradada, sendo que 66% dos casos tiveram como causa principal os incêndios.
Por outro lado, o desmatamento na Amazônia apresentou uma queda expressiva: 27,5% de 2023 para 2024 e 54,2% em relação a 2022, conforme dados do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), também do Inpe. No ano passado, a área desmatada foi de 5.816 km², a menor registrada em uma década.
Segundo Guilherme Mataveli, pesquisador do Inpe, a degradação é um processo mais complexo de ser monitorado do que o desmatamento, pois ocorre enquanto a vegetação ainda está em pé. Incêndios, corte seletivo de árvores e o efeito de borda são fatores que contribuem para a degradação, especialmente em períodos de seca extrema, como os vividos na Amazônia entre 2023 e 2024.
A seca intensa, com temperaturas até 3 °C acima da média e precipitação mensal reduzida em até 100 milímetros, fez com que os focos de calor na floresta atingissem o maior número desde 2007, totalizando 140.328 ocorrências. A degradação florestal compromete a capacidade da Amazônia de capturar carbono e regular o ciclo da água, prejudicando a resiliência do ecossistema.
Para o pesquisador Luiz Aragão, também do Inpe, é fundamental utilizar tecnologias espaciais para monitorar a degradação e desenvolver políticas de manejo sustentável e de baixo carbono. Aragão destaca que reportar as emissões de carbono provenientes da degradação é imprescindível para que o Brasil mantenha sua liderança nas discussões climáticas globais.
O país, que apresentou recentemente sua nova Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) à ONU, compromete-se a reduzir de 59% a 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035. Contudo, a manutenção desse compromisso depende de estratégias efetivas contra a degradação florestal.
Os pesquisadores sugerem o fortalecimento do manejo de incêndios e a promoção de projetos de restauração ecológica. Além disso, integrar estratégias sustentáveis a mercados de crédito de carbono pode criar incentivos financeiros para que comunidades locais e proprietários adotem práticas conservacionistas.
Enquanto o desmatamento tem apresentado sinais de controle, a degradação continua avançando de maneira silenciosa, exigindo políticas públicas robustas e uma gestão ambiental estratégica para garantir a proteção da Amazônia.
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