Imagem: Bruno Kelly/ HAY
Pesquisadores identificaram uma função surpreendente para a Ficus insipida, uma árvore típica da floresta amazônica, também conhecida no Brasil como quaxinguba, gameleira, apuí ou figueira-brava.
Essa espécie tem a capacidade de acumular mercúrio em seus anéis de crescimento, um registro natural da contaminação causada pela mineração ilegal de ouro.
A descoberta revela que essa árvore pode atuar como uma espécie de “espiã ambiental”, capaz de apontar quando e onde ocorreram emissões de mercúrio na floresta, facilitando o rastreamento da atividade garimpeira clandestina.
Durante o processo ilegal de extração de ouro, o mercúrio é utilizado para separar o metal precioso de outras impurezas. Ao ser queimado, o amálgama libera o elemento tóxico na atmosfera, que acaba sendo absorvido pelas árvores. O mercúrio se aloja nos anéis de crescimento da Ficus insipida, que funcionam como registros históricos de contaminação.
O estudo, publicado na revista científica Frontiers in Environmental Science, destaca que a análise desses anéis pode revelar o histórico de emissões de mercúrio e contribuir para estratégias de fiscalização e proteção ambiental.
Segundo Jacqueline Gerson, professora da Universidade Cornell e autora principal do estudo, essa é a primeira vez que uma pesquisa explora o uso de árvores tropicais como biomonitores de mercúrio na Amazônia — apesar da região ser uma das mais afetadas pela contaminação vinda do garimpo ilegal.
“Já se sabia que árvores podiam servir como indicadores em florestas temperadas e boreais. Faltava entender como isso se aplicava à Amazônia”, explica Gerson.
A pesquisa foi realizada em cinco áreas da região de Madre de Dios, na Amazônia peruana, e revelou níveis elevados de mercúrio em árvores localizadas próximas a áreas de mineração, especialmente após o ano 2000. Esse período coincide com a intensificação do garimpo ilegal impulsionado pela construção da rodovia Interoceânica, que liga o Brasil ao litoral do Peru.
Segundo Gerson, a técnica pode ser usada para avaliar a eficácia de tratados internacionais como a Convenção de Minamata, que visa reduzir o uso e as emissões de mercúrio — tratado assinado pelo Brasil em 2013 e implementado em 2017.
Embora o estudo tenha sido conduzido no Peru, a pesquisadora acredita que a metodologia pode ser replicada no Brasil e em outros países tropicais afetados pela mineração ilegal.
“O Brasil poderia usar as árvores para identificar áreas com maior emissão de mercúrio sem depender de equipamentos caros de monitoramento”, afirma Gerson. Ela também demonstra interesse em formar parcerias com instituições brasileiras para expandir a pesquisa.
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