Um estudo publicado na revista Frontiers in Marine Science nesta segunda-feira, 1º de julho, revela que as águas da Amazônia Azul, a área marítima brasileira no Atlântico tropical, têm se tornado mais ácidas nos últimos 20 anos. O pH das águas caiu cerca de 0,001 unidade por ano, uma redução de aproximadamente 0,4%, indicando um aumento significativo na acidez, o que coloca os ecossistemas marinhos brasileiros em risco.
Letícia Cotrim, professora da Faculdade de Oceanografia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Faoc/Uerj), explica que “a diminuição do pH provoca várias mudanças químicas no mar, dificultando o crescimento de organismos com estruturas de carbonato de cálcio, como corais, ostras, mariscos e mexilhões, além de plânctons, organismos microscópicos fundamentais para a cadeia alimentar marinha.”
Carlos Musetti, coautor do artigo e pesquisador do instituto alemão Geomar Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel, ressalta que diversos fatores, inclusive naturais, podem alterar o pH da água, mas as emissões de dióxido de carbono (CO₂) intensificam esse processo. Em maio de 2024, o Observatório de Mauna Loa, da NOAA, registrou 426,90 partes por milhão (ppm) de CO₂, um recorde histórico, superando os 424,00 ppm registrados no mesmo período do ano anterior.
Segundo Letícia, a acidificação ainda não é amplamente percebida pela população, mas as projeções indicam que, a médio e longo prazo, o impacto será significativo. “O pH mais baixo prejudica o crescimento e a reprodução de vários organismos essenciais para a cadeia alimentar do oceano, especialmente o plâncton, o que pode afetar a disponibilidade de pescados.”
Carlos destaca que a acidificação também traz sérias consequências socioeconômicas. “A acidificação impacta diretamente as comunidades pesqueiras, afetando a alimentação humana e a economia. Regiões dependentes do turismo também sofrem prejuízos, mostrando que o fenômeno afeta não só a natureza, mas também diversos aspectos da vida humana.”
O estudo analisou dados de temperatura e salinidade da superfície do mar coletados entre 1998 e 2018 por uma boia do projeto Prediction and Moored Array in the Tropical Atlantic (Pirata), uma iniciativa colaborativa entre Brasil, França e Estados Unidos.
A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e do instituto alemão Geomar Helmholtz Centre for Ocean Research Kiel.
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