COP 30

Belém acelera obras e ajustes finais para receber a COP30

Belém vive um momento decisivo. A menos de 40 dias da COP30, a capital paraense acelera as últimas entregas para receber o maior evento ambiental do planeta. Entre tapumes e canteiros de obra, o cenário mistura expectativa e incerteza. Enquanto o governo estadual assegura que 90% das intervenções previstas estão concluídas, parte da população ainda questiona se tudo estará pronto a tempo.

Um dado positivo já chama a atenção: a queda de aproximadamente 30% nos preços de hotéis e pousadas. O movimento repete o que ocorreu em outros eventos globais, como as Olimpíadas de Paris. “No começo, quem reservou em janeiro pagou mais caro, mas a tendência é de estabilização na reta final”, afirmou o diretor de projetos da Secretaria Especial da COP30, Olmo Borges Xavier.

Obras essenciais e o desafio do prazo

Segundo o secretário de Infraestrutura e Logística do Pará, Adler Silveira, o conjunto de obras envolve desde requalificação de ruas e melhorias no sistema de saneamento até a construção do Parque da Cidade, que será um dos palcos centrais da programação oficial. “Temos 90% das obras prontas e dentro do cronograma. O essencial para receber a conferência estará concluído. Projetos complementares podem se estender além da COP30, mas não comprometem o evento”, explicou.

Ainda assim, quem circula pela capital encontra ruas parcialmente interditadas e estruturas temporárias. Moradores relatam a impressão de que algumas frentes de trabalho perderam ritmo, alimentando dúvidas sobre a capacidade de conclusão total antes da abertura oficial da conferência.

Foto: Augusto Miranda / Ag. Pará

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Intervenções urbanas e drenagem

Um dos eixos centrais da preparação é o combate aos alagamentos. Ao todo, 14 canais de microdrenagem estão em obras, dois deles financiados pela Itaipu Binacional e outros 12 em parceria com o BNDES. A aposta é que, além de preparar Belém para a COP30, essas intervenções deixem um legado duradouro para a população.

Ontem, a cidade inaugurou o Parque Linear da Nova Doca, descrito pelo diretor de coordenação da Itaipu, Carlos Carboni, como um “marco de requalificação urbana”. Para ele, a obra exemplifica como unir lazer, mobilidade e drenagem em um mesmo espaço, conciliando funcionalidade com qualidade de vida.

Hospedagem e mobilidade

Se os preços das hospedagens já dão sinais de equilíbrio, a mobilidade urbana ainda é um ponto sensível. O governo aposta em um conjunto de medidas para evitar o colapso no trânsito durante a conferência. Entre elas, o recesso escolar, o escalonamento de horários e a adoção de regimes de teletrabalho em órgãos públicos.

“Estamos tomando medidas para que a cidade não pare. Usaremos tecnologia de monitoramento em tempo real para ajustar rotas e fluxos de trânsito”, disse Silveira. Ele lembrou que Belém tem experiência em gerir grandes multidões, como no Círio de Nazaré, evento religioso que todos os anos atrai cerca de 1,5 milhão de pessoas.

Um desafio global, não só local

Para Olmo Xavier, da Secretaria Especial da COP30, os gargalos enfrentados pela cidade não são exceção. “A conferência é complexa para qualquer lugar do mundo. Foi assim em Dubai, na COP28, onde a logística de hospedagem e transporte também exigiu grandes esforços. Temos dificuldades, mas queremos deixar benefícios duradouros para os nove milhões de habitantes da Amazônia”, ressaltou.

Com a proximidade da abertura da conferência, Belém equilibra obras aceleradas, ansiedade coletiva e esperanças de legado. O sucesso da COP30, no entanto, será medido não apenas pela entrega das obras, mas também pela capacidade de transformar investimentos temporários em melhorias permanentes para a vida da população.

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