O uso de biocombustíveis em países emergentes, incluindo Brasil, China, Índia e África do Sul, tem o potencial de evitar a emissão de até 400 milhões de toneladas de CO2 no setor de transporte até 2030, segundo um relatório da força-tarefa de bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA). Esse volume de redução de emissões seria equivalente a quase metade da meta global de 800 milhões de toneladas de CO2 para o setor, estabelecida pela própria IEA para a próxima década.
O estudo, liderado por pesquisadores do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN), foi divulgado na Brazilian Bioenergy Science and Technology Conference (BBEST) 2024, realizada em São Paulo. Glaucia Mendes Souza, coordenadora do BIOEN e principal autora do estudo, afirmou que esses países emergentes poderiam reduzir a pegada de carbono do setor de transporte em até 84% ao substituir combustíveis fósseis por fontes renováveis, como etanol e biodiesel, com mínimo uso de terra.
O novo relatório também identificou outros países emergentes com potencial para replicar esse modelo, incluindo China, Índia, Indonésia, Etiópia, Malásia, África do Sul e Tailândia. Esses países, que vivenciam rápido desenvolvimento social e econômico, também enfrentam o desafio de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Caso atinjam os níveis de emissão per capita dos países da OCDE no setor de transporte, as emissões globais aumentariam drasticamente, tornando o papel dos biocombustíveis essencial para conter essa alta.
Atualmente, a produção global de biocombustíveis atende a cerca de 4% da demanda do setor de transporte, mas a IEA projeta que essa produção precisará triplicar nos próximos anos. “Para atingir esse nível de produção, o papel dos países emergentes, especialmente no Sul Global, será fundamental”, afirmou Bharadwaj Kummamuru, diretor-executivo da World Bioenergy Association (WBA), que também alertou para os desafios de financiamento e políticas públicas que esses países enfrentam para aumentar a produção de biocombustíveis.
Uma das conclusões do estudo é que os biocombustíveis são economicamente viáveis na maioria dos países analisados, com exceção de China e Malásia, onde o alto custo da matéria-prima e subsídios aos combustíveis fósseis representam obstáculos. No entanto, esses países poderiam superar tais desafios com políticas de incentivo ou importando biocombustíveis. Esther Swee Yoong Lew, representante do ministério de transição energética da Malásia, destacou a semelhança entre o Sudeste Asiático e o Brasil na visão de desenvolvimento de uma indústria local de biocombustíveis.
Segundo o estudo, a produção de biocombustíveis em países emergentes da África e Ásia pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 81% para o etanol e 78% para o biodiesel, comparados aos combustíveis fósseis. Os maiores ganhos em termos de emissões foram observados na Índia, Indonésia e África do Sul, por motivos variados: na Índia, a produção de biocombustíveis tem baixa intensidade de carbono; na Indonésia, os biocombustíveis ajudam a mitigar os impactos do diesel de alto teor de enxofre, enquanto na África do Sul, os biocombustíveis apresentam vantagem significativa em relação aos combustíveis fósseis sintéticos, mesmo com uma pegada de carbono relativamente alta.
O estudo completo, intitulado “Biofuels in Emerging Markets of Africa and Asia: An Overview of Costs and Greenhouse Gas Savings”, está disponível para consulta no site da IEA Bioenergy.
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