Arte: João L.S. Rodrigues / Revista Amazônia
Com a cidade de Belém se preparando para sediar, pela primeira vez, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o Brasil tem uma oportunidade única de mostrar ao mundo o potencial econômico da floresta em pé. Um estudo recente do WRI Brasil (World Resources Institute) reforça essa perspectiva ao revelar que a bioeconomia pode adicionar até R$ 816 milhões ao Produto Interno Bruto (PIB) do Pará.
Além do crescimento econômico, o relatório aponta que esse setor poderia gerar um aumento de R$ 44 milhões na arrecadação de impostos e criar cerca de 6,6 mil novos empregos. Para que esses resultados se concretizem, seriam necessários investimentos da ordem de R$ 720 milhões em 13 cadeias produtivas baseadas na sociobiodiversidade da região.
De acordo com os dados levantados pelo WRI, o Pará já conta com recursos expressivos que poderiam ser mobilizados para fortalecer a bioeconomia. Estima-se que entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão estejam disponíveis ou em fase de captação para ações climáticas, o que poderia acelerar a transição para um modelo mais sustentável.
O estudo também apresenta projeções otimistas: cada real investido no setor bioeconômico traria um retorno direto de R$ 1,13 ao PIB paraense, além de R$ 0,19 em salários e R$ 0,06 em tributos indiretos. Os efeitos positivos aumentam conforme o nível de sofisticação das etapas produtivas, variando desde R$ 1,14 na produção de matéria-prima até R$ 1,40 na comercialização dos produtos.
A proposta da bioeconomia é baseada no uso responsável e valorização dos recursos naturais da Amazônia, promovendo atividades econômicas que respeitam o meio ambiente e geram renda para populações locais. Em contraste com modelos extrativistas predatórios, ela aposta em cadeias produtivas como as do açaí, castanha-do-pará, borracha, mel de abelhas nativas e cupuaçu, todas com potencial de mercado nacional e internacional.
Essa abordagem permite não apenas conservar os ecossistemas amazônicos, mas também diversificar a economia do estado, descentralizando a geração de riqueza e fortalecendo comunidades tradicionais e agricultores familiares.
Apesar das oportunidades claras, o caminho para uma bioeconomia forte ainda enfrenta entraves. A logística de escoamento da produção, a falta de infraestrutura adequada e as dificuldades de acesso a mercados ainda são obstáculos importantes. Além disso, as cadeias produtivas muitas vezes carecem de rastreabilidade, tecnologia e financiamento acessível, especialmente para pequenos produtores.
Segundo os especialistas do WRI, superar esses gargalos depende de ações coordenadas entre o setor público e privado. Políticas públicas específicas, regulação atualizada e incentivos para pesquisa e inovação são peças-chave para transformar potencial em realidade.
Rafael Feltran-Barbieri, economista sênior do WRI Brasil, destaca que o Pará já possui ferramentas estratégicas que podem impulsionar essa transição. A integração entre o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio-PA), o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN-PA) e o Programa Territórios Sustentáveis (PTS) pode ser determinante para escalar a bioeconomia no estado.
Esses programas, quando combinados, criam um ambiente institucional propício para atrair investimentos e gerar impacto duradouro, tanto no aspecto ambiental quanto no social e econômico.
A escolha de Belém como sede da COP30 marca uma virada simbólica e estratégica para a Amazônia. Ao reunir líderes globais, tomadores de decisão e investidores, o evento internacional deve ampliar a visibilidade e a credibilidade de iniciativas sustentáveis no Pará.
Com um modelo que une conservação ambiental e desenvolvimento econômico, a bioeconomia paraense tem tudo para se tornar um exemplo de como a floresta pode valer mais em pé do que derrubada, e como o Brasil pode liderar essa transição em escala planetária.
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