BNDES lança fundo catalítico para impulsionar projetos sustentáveis

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Ministério da Fazenda estão desenvolvendo um fundo catalítico para destravar o financiamento de projetos estratégicos voltados à transição energética no Brasil. O objetivo é criar um fundo de participação acionária (equity) para mobilizar recursos destinados a iniciativas que enfrentam dificuldades na captação de investimentos.

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Esse modelo, conhecido como capital paciente, pode envolver recursos filantrópicos ou subsidiados, que entram na estrutura de financiamento para reduzir custos e mitigar riscos, tornando os projetos mais atraentes para investidores privados.

Mobilização de recursos e impacto no setor

A previsão é que o fundo seja lançado ainda este ano, com captação de recursos junto a investidores multilaterais, fundos soberanos e agentes privados. Segundo fontes envolvidas nas negociações, as tratativas iniciais já estão em andamento.

Um dos principais focos desse novo veículo financeiro será apoiar os projetos cadastrados na Plataforma de Investimentos para a Transformação Ecológica (BIP, na sigla em inglês). Lançada em outubro de 2023, a BIP tem como propósito conectar projetos verdes a fontes de financiamento público e privado. O BNDES, além de fornecer suporte administrativo, também atua na coordenação com instituições financeiras.

A análise do banco aponta que, enquanto o Brasil tem conseguido captar recursos via dívida, há um déficit significativo de capital de participação acionária (equity). Em média, os projetos sustentáveis demandam uma estrutura financeira composta por 70% de dívida e 30% de equity, tornando esse tipo de financiamento essencial para viabilizar grandes investimentos.

Atualmente, a BIP reúne projetos que somam aproximadamente US$ 17 bilhões, incluindo iniciativas como uma unidade da Atlas Agro em Minas Gerais, uma planta de biocombustíveis da Acelen e polos industriais da Vale voltados à descarbonização da siderurgia.

Superando barreiras regulatórias e atraindo investimentos estrangeiros

Um dos principais desafios identificados pelo BNDES na atração de capital privado é a maturação dos marcos regulatórios, especialmente em setores como o hidrogênio verde e a legislação do programa Combustível do Futuro. Além disso, investidores estrangeiros consideram fatores como a volatilidade cambial e os riscos inerentes aos mercados emergentes.

O fundo catalítico se insere em um conjunto de ações do governo para facilitar investimentos em economia de baixo carbono. Entre as iniciativas de financiamento sustentável, destaca-se o programa Eco Invest, que, além de oferecer recursos subsidiados a bancos privados, disponibiliza mecanismos de hedge cambial. Até o momento, esse programa já liberou R$ 6,8 bilhões para nove bancos, com a meta de atrair mais R$ 37,6 bilhões do exterior para projetos sustentáveis.

Projeções para o futuro da transição energética

A Agência Internacional de Energia (IEA) estima que, para cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris, a América Latina precisará investir mais de US$ 200 bilhões por ano em energia limpa até o início da década de 2030. Desse total, aproximadamente 60% dos recursos deverão vir do setor privado.

Ilustração criada por IA / Revista Amazônia

O fundo catalítico do BNDES representa um passo estratégico para reduzir as barreiras ao investimento e ampliar o fluxo de capitais para iniciativas sustentáveis. Com isso, o Brasil se posiciona como um dos principais atores na transição global para uma economia de baixo carbono, atraindo investimentos e consolidando seu papel na agenda climática internacional.

Redação Revista Amazônia

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