A cada ano, o Dicionário Oxford escolhe uma palavra ou expressão que capture o espírito do momento, refletindo tendências culturais, sociais ou linguísticas que definiram os últimos meses. Em 2024, a expressão escolhida foi “brain rot”, traduzida livremente como “cérebro apodrecido” ou “atrofia cerebral”. Este termo, que descreve o impacto negativo do consumo excessivo de conteúdo superficial na internet, tornou-se um símbolo da era da superconexão.
A expressão “brain rot” é usada para descrever a deterioração do estado mental ou intelectual causada pelo consumo excessivo de conteúdo online trivial ou de baixa qualidade. Ela encapsula as preocupações contemporâneas sobre como a exposição incessante a redes sociais, memes, vídeos curtos e outras formas de entretenimento digital afeta nossa capacidade de concentração, criatividade e pensamento crítico.
Embora o termo não seja novo — suas primeiras ocorrências remontam ao século XIX —, ele foi ressignificado nas últimas décadas, ganhando força em comunidades online e, mais recentemente, entre especialistas em saúde mental e estudos culturais.
O aumento exponencial do uso da expressão em 2023 e 2024 reflete um fenômeno global: a crescente consciência dos impactos da vida digital no bem-estar mental. Segundo o Dicionário Oxford, o uso da expressão cresceu 230% entre 2023 e 2024, com destaque para discussões nas gerações Z e Alpha, que passam grande parte de seu tempo conectadas.
Os dados não são surpreendentes. Pesquisas mostram que o tempo médio gasto por pessoas nas redes sociais é de 2 horas e 31 minutos por dia. Entre adolescentes e jovens adultos, esse número pode ser ainda maior. O resultado é uma sobrecarga de informação que, segundo especialistas, compromete a capacidade de processar conteúdo de forma profunda e significativa.
O conceito de superconexão vai além do simples uso excessivo da internet. Ele abrange o estado de estar constantemente exposto a estímulos digitais, seja por meio de smartphones, tablets, computadores ou outros dispositivos. Essa condição tem consequências significativas para a saúde mental, produtividade e relações sociais.
O consumo excessivo de conteúdo digital pode levar a problemas como ansiedade, depressão e insônia. Estudos mostram que a busca incessante por dopamina — o “hormônio do prazer” liberado quando interagimos com conteúdo online — pode criar um ciclo de dependência. Essa sobrecarga também está associada ao aumento dos casos de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) em adultos e jovens, comprometendo a capacidade de foco e organização.
A superconexão prejudica a capacidade de realizar tarefas profundas e significativas. O tempo dedicado a redes sociais e outros conteúdos fragmentados reduz o espaço para reflexão e criatividade. Isso se reflete na queda de produtividade em ambientes de trabalho e no desempenho acadêmico, especialmente em gerações mais jovens.
Embora as plataformas digitais prometam conectar pessoas, estudos indicam que o uso excessivo pode ter o efeito oposto. A superconexão está associada a um aumento da solidão e a uma redução da qualidade das interações face a face, essenciais para o bem-estar emocional.
Reconhecer os desafios da superconexão é o primeiro passo para encontrar soluções. Há uma série de medidas que podem ser adotadas por indivíduos, famílias e instituições para mitigar os impactos do “brain rot” e promover uma relação mais equilibrada com a tecnologia.
A alfabetização digital é essencial para ensinar jovens e adultos a usarem a tecnologia de forma consciente. Isso inclui identificar fontes confiáveis de informação, evitar fake news e equilibrar o tempo de tela com outras atividades.
Práticas como o “detox digital” — momentos planejados longe de dispositivos eletrônicos — podem ajudar a recuperar o equilíbrio. Estudos sugerem que pausas regulares melhoram a saúde mental e aumentam a produtividade.
Empresas de tecnologia também têm um papel importante na mitigação dos impactos da superconexão. Ferramentas que incentivam pausas, limitam notificações e promovem o bem-estar digital são essenciais.
Governos podem adotar medidas para promover o uso responsável da tecnologia, incluindo campanhas de conscientização, regulação de algoritmos que promovem conteúdo viciante e incentivo a práticas saudáveis em escolas e empresas.
A escolha de “brain rot” como palavra do ano de 2024 é um alerta para a sociedade sobre os impactos da superconexão e a necessidade de uma abordagem mais consciente em relação à tecnologia. Embora a digitalização tenha trazido inúmeras vantagens, ela também apresenta desafios que precisam ser enfrentados coletivamente.
Ao refletirmos sobre este fenômeno, devemos nos perguntar: como equilibrar as vantagens da tecnologia com os cuidados necessários para preservar nossa saúde mental, produtividade e relações sociais? A resposta está em um esforço conjunto para educar, regular e criar um ambiente digital mais saudável para todos.
A epidemia de superconexão pode ser contida, mas requer ação imediata. Se agirmos agora, podemos transformar “brain rot” de um símbolo de deterioração em um catalisador para mudanças positivas na forma como interagimos com o mundo digital.
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