Um estudo inédito, intitulado “Concessões em Florestas Públicas Tropicais: Cooperação e Desafios Comuns na Aliança BIC”, desenvolvido pelo Imaflora com o apoio da Good Energies Foundation, investiga como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo (RDC) podem compartilhar experiências e fortalecer seus modelos de concessões florestais. O objetivo é impulsionar o manejo sustentável, gerar renda e promover a inclusão social das comunidades que dependem dessas florestas.
Juntos, esses três países abrigam aproximadamente 540 milhões de hectares de florestas tropicais, mas enfrentam desafios semelhantes, como altas taxas de desmatamento. Em 2021, as bacias florestais dessas nações perderam 2,3 milhões de hectares, representando 25% do desmatamento global de florestas tropicais entre 2002 e 2022.
As concessões florestais são uma ferramenta que permite a exploração sustentável de florestas públicas por empresas e comunidades. No entanto, o estudo destaca que há obstáculos significativos a serem superados, bem como oportunidades para que os países da Aliança das Florestas — estabelecida em 2022 durante o G20 — possam aprimorar o manejo florestal. Marco W. Lentini, um dos autores da pesquisa, afirma: “Nosso objetivo foi identificar desafios e oportunidades para fortalecer os sistemas de concessão, promovendo práticas mais inclusivas e eficazes.”
A pesquisa, que também foi divulgada no site Florestal Brasil, reforça a importância de estratégias integradas de conservação e destaca iniciativas bem-sucedidas de manejo florestal em áreas tropicais.
O estudo utilizou uma abordagem multidisciplinar, baseada em análise documental, entrevistas com 17 especialistas e uma revisão bibliográfica detalhada. A pesquisa avaliou os impactos econômicos, sociais e ambientais das concessões florestais, além de examinar as políticas públicas e os instrumentos de gestão em cada país. O objetivo foi identificar lacunas e propor melhorias na governança e na inclusão social.
Entre os principais desafios identificados estão:
No Brasil, apenas 1,3 milhão de hectares estão sob concessão florestal, um número bem abaixo da meta de 5 milhões estabelecida pelo Serviço Florestal Brasileiro. Na Indonésia, 70% das florestas públicas são concessionadas, mas a influência de grandes empresas e a pressão do agronegócio são desafios significativos. Já na RDC, a exploração de madeira ocorre principalmente no mercado informal, o que marginaliza as comunidades locais e dificulta o acesso formal à cadeia produtiva.
O estudo propõe uma série de medidas para fortalecer as concessões florestais:
A colaboração entre Brasil, Indonésia e RDC pode acelerar a adoção de boas práticas, criando um modelo de concessões florestais tropicais que seja eficaz, inclusivo e economicamente viável. Essa cooperação não só beneficiará o meio ambiente, mas também as comunidades locais, que dependem dessas florestas para sua subsistência e desenvolvimento.
O estudo conclui que, ao enfrentar desafios comuns e compartilhar soluções, esses três países podem liderar um novo paradigma no manejo sustentável de florestas tropicais, contribuindo para a conservação global e o desenvolvimento socioeconômico das regiões envolvidas.
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