Um estudo pioneiro realizado no Japão trouxe à tona evidências robustas de que a posse de cães pode ser um fator crucial na prevenção da demência em adultos acima de 65 anos. A pesquisa, conduzida pelo Tokyo Metropolitan Institute for Geriatrics and Gerontology (TMIG), acompanhou mais de 11.000 residentes de Tóquio por quatro anos e revelou que idosos que possuem cães apresentaram um risco 40% menor de desenvolver a condição neurodegenerativa em comparação com aqueles que nunca tiveram um animal de estimação. Os resultados, publicados na renomada revista Preventive Medicine Reports, destacam dois pilares fundamentais para esse efeito protetor: a manutenção da atividade física e a redução do isolamento social.
O estudo, considerado o primeiro a estabelecer uma ligação clara entre a posse de cães e a redução da demência, analisou dados de idosos entre 65 e 84 anos, residentes na região metropolitana de Tóquio. Os participantes foram divididos em três grupos: donos atuais de cães, ex-donos e aqueles que nunca tiveram um animal.
Ao longo de quatro anos, os pesquisadores monitoraram indicadores de saúde física, hábitos de exercício, interações sociais e o surgimento de sintomas de demência, utilizando critérios médicos padronizados.A equipe, liderada pelo Dr. Yu Taniguchi, ajustou variáveis como sexo, estado civil, nível educacional, renda, histórico de doenças crônicas e hábitos prévios de exercício. O objetivo era isolar o impacto específico da posse de cães, evitando interferências de fatores externos.
Caminhar com o cão não é apenas um gesto de cuidado com o animal, mas um exercício estruturante para os idosos. O estudo revelou que 68% dos donos de cães mantinham uma rotina diária de exercícios, contra apenas 32% dos não donos. Essa diferença se reflete diretamente na saúde cerebral:
O hábito de passear com o animal cria uma rotina involuntária de exercício, mesmo em condições climáticas adversas. Dados do estudo mostram que 89% dos donos de cães caminhavam com seus pets pelo menos três vezes por semana, independentemente de chuva ou calor. Essa consistência é rara em programas de exercícios tradicionais, que costumam ser abandonados por idosos devido à falta de motivação.
Além dos benefícios físicos, os cães funcionam como catalisadores de interações sociais. Durante os passeios, donos de cães têm 3 vezes mais chances de iniciar conversas espontâneas com vizinhos, outros donos de pets ou transeuntes. Esse efeito foi particularmente relevante durante a pandemia de COVID-19, quando o isolamento social tornou-se um agravante para a saúde mental.
O Dr. Taniguchi ressalta que o vínculo com o animal também estimula a produção de ocitocina, hormônio relacionado ao bem-estar e à redução do estresse, fatores conhecidos por protegerem a saúde cerebral.
Um achado curioso do estudo é que a posse de gatos não demonstrou efeitos significativos na prevenção da demência. A explicação reside na natureza dos felinos:
“O ato de cuidar de um cão impõe uma estrutura de responsabilidades que combina atividade e socialização”, explica Taniguchi. “Isso não ocorre com a mesma intensidade em outros pets.”
Indicador | Donos de Cães | Não Donos |
---|---|---|
Exercício Diário | 68% | 32% |
Interações Sociais/Semana | 4,7 | 1,9 |
Incidência de Demência (4 anos) | 8,6% | 14,3% |
Estudos paralelos reforçam as conclusões japonesas. Pesquisas realizadas nos EUA e na Europa destacam que:
Durante a pandemia, idosos com cães relataram níveis mais altos de bem-estar mental, mesmo sob restrições de circulação. “O animal tornou-se um companheiro essencial, garantindo que eles mantivessem uma rotina ativa”, comenta um pesquisador anônimo envolvido no estudo.
Os resultados têm potencial para influenciar estratégias de saúde pública voltadas ao envelhecimento populacional. No Japão, onde 28% da população tem mais de 65 anos, autoridades já discutem iniciativas como:
“Precisamos repensar como integramos os animais no cuidado com a terceira idade”, defende Taniguchi. “Eles não são apenas companheiros, mas agentes de saúde preventiva.”
Para ilustrar os achados, o estudo incluiu relatos de participantes. Um deles, Sr. Hiroshi, 78 anos, adotou um Shiba Inu após a morte da esposa:”Antes, eu mal saía do apartamento. Agora, caminho três vezes ao dia com o Hachi. Conheci outros donos de cães no parque e até voltei a jogar xadrez com um grupo que encontrei lá.”Casos como o de Hiroshi destacam como a posse de cães redefine hábitos e reintegra idosos à comunidade, combatendo a solidão e a inatividade.
Apesar do rigor metodológico, os pesquisadores reconhecem limitações. O estudo focou em uma população urbana e de alta renda, o que pode limitar a generalização dos resultados. Além disso, não foi possível isolar completamente o impacto de fatores genéticos ou dietéticos.Futuras pesquisas devem explorar:
Enquanto a ciência busca medicamentos para a demência, o estudo japonês aponta para uma solução ao alcance das patas: a relação simbiótica entre humanos e cães.
Em um avanço sem precedentes na luta contra infecções resistentes a medicamentos, pesquisadores do DeepMind,…
Se você acha que o açaí é só uma sobremesa refrescante e deliciosa, talvez seja…
Nos últimos meses, pescadores do município de Barcarena, na região metropolitana de Belém, têm se…
O Governo Federal estuda uma mudança significativa no processo de licenciamento ambiental, transferindo a responsabilidade…
O petróleo é um combustível natural, originado de processos de decomposição dos plânctons e de…
As orquídeas são uma das plantas mais fascinantes do mundo, conhecidas por sua beleza exótica…
This website uses cookies.