Fonte: Yellot
Pesquisadores da Universidade de Linköping, na Suécia, desenvolveram um método inovador que permite reciclar por completo as células solares feitas com perovskita, um mineral alternativo ao tradicional silício.
A técnica, apresentada em estudo publicado na Nature em fevereiro de 2025, oferece uma alternativa sustentável à atual tecnologia fotovoltaica, que ainda gera resíduos significativos.
Diferentemente das células solares de silício, dominantes no mercado e conhecidas por sua alta durabilidade, mas difíceis de reciclar, os dispositivos baseados em perovskita têm vida útil mais curta, mas se destacam pela leveza, custo reduzido e agora, pela possibilidade de reaproveitamento total de seus componentes.
A grande inovação da equipe sueca foi eliminar o uso de substâncias tóxicas no processo de reciclagem. Em vez do tradicional dimetilformamida, um solvente prejudicial ao meio ambiente, os cientistas empregaram água como base do processo químico, tornando a técnica significativamente mais segura e sustentável.
Para complementar o método, adicionaram três componentes acessíveis: acetato de sódio, iodeto de sódio e ácido hipofosforoso. Esses aditivos permitiram a separação eficiente das camadas da célula solar, preservando suas propriedades físicas e químicas.
Segundo Xun Xiao, um dos autores do estudo, o grupo conseguiu “reciclar todos os elementos das células: desde os eletrodos e as camadas de transporte de carga até o próprio material ativo de perovskita, além dos vidros de cobertura”.
Durante os experimentos realizados em laboratório, as células recicladas apresentaram níveis de desempenho comparáveis aos de dispositivos recém-fabricados. Mesmo após passarem por múltiplos ciclos de reaproveitamento, mantiveram sua estabilidade e eficiência de conversão de luz solar em energia elétrica.
Esse resultado demonstra o enorme potencial da perovskita não apenas como alternativa viável ao silício, mas também como um caminho para uma cadeia produtiva mais circular e ambientalmente responsável.
Apesar dos resultados promissores, o desafio agora está na viabilização da técnica em escala industrial. Os pesquisadores reconhecem que, embora o processo seja funcional em laboratório, será preciso ajustá-lo para torná-lo compatível com os volumes e velocidades exigidos pela produção em massa.
Isso inclui, por exemplo, o desenvolvimento de equipamentos específicos para a separação e reaplicação dos materiais, além da adaptação de linhas de montagem para o novo tipo de célula. O objetivo é garantir que a reciclagem seja não apenas tecnicamente possível, mas economicamente competitiva e sustentável em larga escala.
A perovskita já vem sendo considerada há anos como uma das grandes apostas do futuro da energia solar. Trata-se de um mineral que pode ser sintetizado em laboratório, com propriedades óticas e elétricas ideais para conversão de luz em energia. Seu uso tem crescido especialmente em pesquisas voltadas a aplicações mais leves, flexíveis e de baixo custo como janelas geradoras de energia, tecidos fotovoltaicos e sensores ambientais.
Contudo, sua durabilidade ainda é inferior à das células de silício, o que impedia uma adoção mais ampla. A capacidade de reciclagem apresentada agora pela equipe sueca pode ser o elemento-chave para superar essa limitação, garantindo que mesmo com uma vida útil menor, as células de perovskita possam ser reutilizadas diversas vezes sem perda significativa de desempenho.
O desenvolvimento dessa tecnologia representa um passo essencial para tornar a energia solar ainda mais limpa, não apenas durante sua operação, que é livre de emissões, mas em todo seu ciclo de vida. Ao permitir o reaproveitamento de materiais, a inovação contribui para reduzir o consumo de recursos naturais, o volume de resíduos eletrônicos e os impactos ambientais associados à mineração e produção industrial.
Com a crescente demanda global por fontes renováveis e a busca por soluções mais sustentáveis, iniciativas como a da Universidade de Linköping mostram que é possível alinhar inovação tecnológica com responsabilidade ecológica.
Se for bem-sucedido na transição para a produção em larga escala, esse modelo pode se tornar um novo padrão da indústria solar e redefinir o papel da perovskita na matriz energética do futuro.
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