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Cientistas e Comunidades da Amazônia Unem Esforços para Preservar Sítios Arqueológicos

Sítios arqueológicos na Amazônia

Nos últimos anos, a descoberta de milhares de sítios arqueológicos na Amazônia tem transformado nossa compreensão do passado dessa vasta floresta tropical. No entanto, esses importantes testemunhos históricos enfrentam ameaças crescentes, como desmatamento, mineração ilegal e mudanças climáticas.

Utilizando tecnologias avançadas, como o sensoriamento remoto por “Lidar” (Detecção e Alcance de Luz), pesquisadores brasileiros, em colaboração com as comunidades locais, estão mapeando sítios arqueológicos em áreas vulneráveis da Amazônia, buscando aumentar sua proteção.

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Durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na Universidade Federal do Pará (UFPA) em Belém, os primeiros resultados do projeto “Amazônia Revelada” foram apresentados. Eduardo Neves, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, destacou que o objetivo é registrar esses sítios no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), garantindo uma camada adicional de proteção.

Eduardo Neves, diretor do MAE-USP, durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Belém – Fonte: Elton Alisson/Agência FAPESP

O projeto, financiado pela National Geographic Society e apoiado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre outras instituições, começa com o diálogo com as comunidades locais para obter consentimento antes de qualquer mapeamento aéreo, evitando práticas colonialistas.

Comunidades quilombolas em Costa Marques e o povo indígena Amondawa, de Rondônia, já autorizaram sobrevoos. No entanto, os planos de mapear a região do Alto Xingu foram adiados após conversas com os Kuikuro, que preferem manter essas informações em sigilo.

Com a mudança, a ilha de Marajó, no Pará, foi escolhida para os próximos sobrevoos, onde há evidências de estruturas artificiais criadas por populações antigas. Outra área a ser explorada é a Terra do Meio, também no Pará, onde a equipe trabalha com o Instituto Socioambiental (ISA) em mapeamentos comunitários participativos.

Devido às queimadas na Amazônia no ano passado, muitos sobrevoos foram adiados. Este ano, os trabalhos começaram mais cedo, revelando estruturas geométricas entre o Acre, o sul da Amazônia e Rondônia. Na Serra da Muralha, Rondônia, foi descoberta uma muralha de pedra associada a uma estrada.

Neves enfatiza a necessidade de registrar e proteger esses sítios arqueológicos. Atualmente, mais de 6 mil sítios estão cadastrados na bacia amazônica, mas esse número é considerado subestimado. Ele defende que a Amazônia deve ser vista não apenas como um patrimônio natural, mas também biocultural, refletindo a história das populações tradicionais que ocupam a região há pelo menos 13 mil anos.

Fonte: Agência FAPESP

Redação Revista Amazônia

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