Pesquisa

Cientistas encontram evidências de contaminação por microplásticos em amostras arqueológicos

 

Cientistas no Reino Unido encontraram evidências de que microplásticos estão contaminando amostras de solo arqueológico. A descoberta tem o potencial de mudar a maneira como os restos históricos são preservados.

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Pequenas partículas de microplásticos foram descobertas a sete metros abaixo do solo em amostras datadas do primeiro ou início do segundo século. Eles foram escavados pela primeira vez na década de 1980.

“Este parece ser um momento importante, confirmando o que deveríamos ter esperado: que o que antes se pensava serem depósitos arqueológicos pristinos, prontos para investigação, estão de fato contaminados com plásticos, e isso inclui depósitos amostrados e armazenados no final da década de 1980”, diz o professor John Schofield do Departamento de Arqueologia da Universidade de York. De onde vêm os microplásticos? Microplásticos são pequenas partículas de plástico, variando em tamanho de um milésimo de milímetro a cinco milímetros. Eles são formados quando a degradação química ou o desgaste físico fazem com que pedaços maiores de plástico se quebrem. Eles também foram comumente usados em produtos de beleza até cerca de 2020.

“Pensamos nos microplásticos como um fenômeno muito moderno, pois só temos ouvido falar deles nos últimos 20 anos”, diz David Jennings, diretor executivo da Arqueologia de York.

Mas, ele acrescenta, pesquisas de 2004 revelaram que eles têm sido prevalentes em nossos mares desde a década de 1960 devido ao boom da poluição plástica após a Segunda Guerra Mundial.

“Este novo estudo mostra que as partículas infiltraram-se em depósitos arqueológicos e, como os oceanos, isso provavelmente tem acontecido por um período semelhante, com partículas encontradas em amostras de solo coletadas e arquivadas em 1988 na Wellington Row em York”, explica Jennings.

Por que a contaminação por microplásticos é um problema para os arqueólogos? O estudo encontrou 16 tipos diferentes de microplásticos em amostras de solo contemporâneas e arquivadas.

A equipe diz que a preocupação para os arqueólogos é se os microplásticos comprometem o valor científico dos restos preservados. Preservar a arqueologia no local onde foi encontrada tem sido a abordagem preferida para a conservação por vários anos. Mas essas novas descobertas podem mudar isso. “Nossos restos mais bem preservados – por exemplo, os achados vikings em Coppergate – estavam em um ambiente anaeróbico alagado consistente por mais de 1.000 anos, o que preservou materiais orgânicos incrivelmente bem”, diz Jennings.

“A presença de microplásticos pode e vai mudar a química do solo, potencialmente introduzindo elementos que farão com que os restos orgânicos se decomponham. Se esse for o caso, preservar a arqueologia in situ pode não ser mais apropriado.”

A equipe diz que pesquisas adicionais sobre o impacto dos microplásticos serão uma prioridade para os arqueólogos, dado o seu impacto potencial em sítios históricos.

Redação Revista Amazônia

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