Próxima à cidade de Autazes, no Amazonas, está em andamento um projeto que pode transformar o setor de fertilizantes do Brasil: a construção da maior mina de potássio do país. O empreendimento tem o potencial de reduzir significativamente a dependência brasileira das importações desse insumo essencial para o agronegócio.
O projeto é liderado por Stan Bharti, um investidor indiano-canadense com experiência global em mineração, tendo atuado na África, Mongólia e Canadá. Bharti, que já investiu US$ 250 milhões no empreendimento, tem histórico de sucesso no Brasil, incluindo a revitalização da mina de ouro de Jacobina, na Bahia, posteriormente vendida por mais de US$ 700 milhões.
A jazida de Autazes, pertencente à Brazil Potash, começou a ser estruturada em 2008, quando Bharti adquiriu os direitos de exploração da Petrobras. Desde então, a empresa superou diversas etapas regulatórias para finalmente iniciar as obras, que incluem usinas de extração, refinamento, descarte e escoamento do potássio, além de um porto.
O investimento total na primeira fase do projeto está estimado em US$ 2,5 bilhões, a serem financiados majoritariamente por dívida, incluindo possíveis linhas com o BNDES. A empresa também busca captar US$ 1,7 bilhão via project finance e levantar mais US$ 400 milhões por meio de um follow-on.
No fim de 2024, a Brazil Potash abriu capital na Bolsa de Nova York, arrecadando US$ 30 milhões na oferta inicial. Desde então, a companhia viu suas ações sofrerem quedas alinhadas ao mercado, mas segue com um valor de mercado de aproximadamente US$ 250 milhões. Entre os nomes de peso no conselho está Mayo Schmidt, ex-CEO da Nutrien, maior empresa de potássio do mundo.
Com previsão de início da produção em 2028, a mina de Autazes deve fornecer 2,4 milhões de toneladas de potássio por ano, o equivalente a 20% da demanda nacional. Atualmente, o Brasil importa cerca de 97% do potássio que consome, sendo um dos maiores compradores globais devido à força do seu agronegócio. Em sua segunda fase, prevista para 2032, a produção pode dobrar para 5 milhões de toneladas anuais, cobrindo até 40% da demanda nacional.
A localização estratégica do projeto permite uma redução significativa dos custos logísticos. Matt Simpson, CEO da Brazil Potash, destacou que o custo do transporte internacional do potássio gira em torno de US$ 200 por tonelada, enquanto o transporte local custa entre US$ 80 e US$ 100. No caso de Autazes, a empresa espera reduzir esse valor para US$ 50 ao utilizar uma combinação de balsas e caminhões.
Para garantir a distribuição, a Brazil Potash fechou um acordo com a Amaggi, que comprará 550 mil toneladas anuais e usará sua infraestrutura de transporte fluvial para escoamento. Além disso, a Amaggi atuará na intermediação de vendas da produção excedente.
Apesar de não depender exclusivamente do preço do potássio para viabilidade, a empresa vislumbra um cenário positivo. A commodity atualmente custa US$ 280 por tonelada, mas já variou entre US$ 200 e US$ 1.100 desde 2018. Especialistas do setor apontam que a demanda global pelo insumo deve crescer 5% ao ano na próxima década, pressionando os preços para cima.
O desafio imediato da Brazil Potash é garantir a execução do projeto e a obtenção dos financiamentos necessários. Segundo Bharti, a companhia está ciente de que compete em um mercado dominado por grandes players e precisa provar sua capacidade de entregar um empreendimento de tal magnitude dentro do cronograma estabelecido.
Com Autazes, o Brasil tem a chance de fortalecer sua segurança alimentar e reduzir a vulnerabilidade do agronegócio aos choques externos no mercado de fertilizantes. O projeto pode representar um marco para a independência produtiva nacional, garantindo suprimento interno de um insumo essencial para a produção de alimentos e consolidando o país como um player estratégico no setor.
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