Na manhã do dia 12 de junho, alunos e funcionários da Escola Municipal Vitalina Mota, localizada na comunidade São Francisco da Volta Grande, no km 37 da BR-163, município de Belterra, no Oeste do Pará, enfrentaram novamente uma situação alarmante: sintomas de irritação, coceira e dor nos olhos, provavelmente causados pela pulverização de agrotóxicos nas plantações de soja próximas.
Os afetados foram encaminhados à Unidade Básica de Saúde (UBS) para tratamento. De acordo com informações do Tapajós de Fato, foram emitidos 23 receituários médicos para tratar sintomas como cefaleia, alergias, náuseas e dores oculares. A UBS também registrou 14 notificações de contaminação por agrotóxicos e entregou um relatório à escola.
Embora não tenha sido observada nenhuma pulverização de agrotóxicos durante a manhã, moradores suspeitam que a aplicação ocorreu na madrugada, entre 4h e 5h, nas comunidades São Francisco da Volta Grande e Amapá. Essas desconfianças foram reforçadas pelo forte cheiro químico sentido na região.
Esta não é a primeira vez que a escola enfrenta tal problema. Em janeiro e fevereiro de 2023, 33 pessoas, entre alunos e professores, apresentaram sintomas semelhantes devido ao uso de agrotóxicos em áreas adjacentes. Naquela ocasião, as aulas foram suspensas e o Ministério Público do Pará (MPPA) emitiu recomendações para fiscalizações e medidas corretivas. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou o produtor de soja responsável em R$ 1 milhão e proibiu o uso de agrotóxicos até que fossem cumpridas as determinações do órgão.
Após a nova suspeita de contaminação, o MPPA foi acionado. Órgãos de fiscalização, secretarias e a polícia foram mobilizados para investigar. O delegado da Polícia Civil, o Secretário de Meio Ambiente de Belterra, o delegado da Delegacia Especializada em Conflitos Agrários e a Vigilância Sanitária foram à escola para averiguar a situação.
Mais de 20 pessoas apresentaram sintomas de contaminação. Parte do corpo docente da Escola Vitalina Mota foi intimada a prestar depoimento na Delegacia Especializada em Conflitos Agrários em Santarém. Professores, incluindo Heloise Rocha, que vivenciou todos os episódios de contaminação, destacaram a gravidade da situação. Rocha relatou que a pulverização de agrotóxicos ao redor da escola está lentamente matando a população local e prejudicando o rendimento escolar.
A situação da Escola Vitalina Mota reflete um problema maior do agronegócio na região do Planalto Santareno, que inclui Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra. Além da destruição das florestas, o uso intensivo de agrotóxicos está envenenando as águas e contaminando a população. Belterra, em particular, enfrenta um aumento de 600% nas doenças neurológicas causadas por agrotóxicos, conforme estudo da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA).
A professora e pesquisadora Caroline Braga, da UFOPA, está investigando a exposição a agrotóxicos na saúde ambiental e humana na região. Segundo Braga, áreas de expansão agrícola com monoculturas são especialmente vulneráveis à pulverização de agrotóxicos, afetando as comunidades locais e o meio ambiente. Sua pesquisa visa fornecer evidências científicas sobre os riscos dessa exposição, com o objetivo de influenciar políticas e práticas na região.
A destruição causada pelo agronegócio está levando famílias a abandonarem suas terras, resultando em uma diminuição do número de alunos na escola. Isso ameaça não apenas a segurança e a saúde da comunidade escolar, mas também os empregos dos educadores, que podem não ter alunos suficientes para ensinar no futuro.
A situação crítica em Belterra e outras áreas afetadas pelo agronegócio exige uma abordagem mais rigorosa e uma ação efetiva para proteger a saúde das pessoas e a integridade do meio ambiente.
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