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Cientistas investigam contaminação por cocaína na Baía de Santos

 

A Baía de Santos, conhecida pelos impactos ambientais causados pela atividade portuária, industrial e pelo esgoto doméstico, agora enfrenta um novo desafio: a contaminação por cocaína. Além de estar presente na água, essa droga também foi detectada em sedimentos e organismos marinhos da região. O problema foi abordado pelo biólogo Camilo Dias Seabra, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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Cocaína e de substâncias derivadas na Baia de Santos

No contexto de um projeto financiado pela FAPESP, Seabra e uma equipe de pesquisadores da Universidade Santa Cecília (Unisanta) identificaram pela primeira vez, em 2017, a presença de cocaína e de substâncias derivadas de medicamentos em águas superficiais da Baía de Santos. As análises revelaram efeitos biológicos significativos em concentrações preocupantes, conforme relatado em publicações anteriores da FAPESP.

Nas amostras de água coletadas, os pesquisadores detectaram, além da cocaína, medicamentos como ibuprofeno, paracetamol e diclofenaco. A concentração de cocaína encontrada era semelhante à da cafeína, uma substância que tradicionalmente serve como indicador de contaminação por ser amplamente consumida em bebidas e presente em diversos medicamentos.

Esses achados foram baseados em estudos geoquímicos realizados em amostras de sedimentos estuarinos. No vídeo, é possível acompanhar o processo de coleta dessas amostras, bem como a captura de animais marinhos na área do emissário submarino da Baía de Santos.

Segundo Seabra, os dados sugerem que a cocaína começou a se acumular no estuário de Santos por volta da década de 1930, mas as concentrações da droga aumentaram drasticamente nas últimas décadas. Esse crescimento pode ser atribuído ao fato de Santos ser uma rota estratégica para o tráfico de cocaína da América do Sul para a Europa, além do aumento do consumo de drogas ilícitas na região, como a própria cocaína e o crack.

A situação é agravada pela falta de tratamento adequado de esgoto, o uso crescente de drogas como o crack e os desafios relacionados à segurança pública. Para compreender melhor a extensão desses problemas, os pesquisadores planejam iniciar um programa epidemiológico baseado na análise de águas residuais, com o objetivo de mapear o consumo de drogas na região.

Iniciativas como essa têm o potencial de auxiliar na identificação de problemas de saúde pública relacionados não apenas ao uso de drogas ilícitas, mas também ao consumo de álcool e tabaco, contribuindo para estratégias mais eficazes de saúde e segurança.

Redação Revista Amazônia

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