O povo Yanomami é considerado de recente contato com a população não indígena e se divide em seis subgrupos de línguas da mesma família: Yanomam, Yanomamɨ, Sanöma, Ninam, Ỹaroamë e Yãnoma.
Das 287 amostras de cabelo examinadas, 84% registraram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2,0 μg/g (micrograma por grama), enquanto 10,8% ficaram acima de 6,0 μg/g. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os níveis de mercúrio em cabelo não devem ultrapassar 1 micrograma por grama.
Os pesquisadores também observaram que indígenas com níveis mais elevados de mercúrio apresentaram déficits cognitivos e danos nos nervos das extremidades, como mãos, braços, pés e pernas, com mais frequência.
Além da detecção do mercúrio, o estudo realizou exames clínicos para identificar doenças crônicas não transmissíveis, como transtornos nutricionais, anemia, diabetes e hipertensão. Foi observado que, nos indígenas com pressão alta, os níveis de mercúrio acima de 2,0 μg/g são mais frequentes do que nos indígenas com pressão arterial normal.
Essas nove comunidades não são as únicas afetadas pela contaminação por mercúrio. Em outra pesquisa realizada em 2016, a Fiocruz já havia revelado o alto nível de mercúrio entre os Yanomami. Na época, indígenas de três comunidades próximas ao Rio Uraricoera, uma das principais vias fluviais de acesso a garimpos ilegais no território, também apresentaram alto nível de mercúrio no organismo, com 92,3% de contaminação.
Apesar das ações do governo federal para enfrentar a crise, incluindo o envio de profissionais de saúde e forças de segurança, o garimpo ilegal e a crise humanitária persistem na região.
O mercúrio, usado por garimpeiros para separar o ouro de outros sedimentos, é altamente tóxico para os seres humanos. Após ser utilizado, o mercúrio é jogado nos rios, causando poluição ambiental e afetando diretamente a saúde da população,