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Novas estratégias de controle da dengue e Aedes Aegypti excluem o fumacê

 

Em um país polarizado, há uma unanimidade entre os brasileiros: o mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como Dengue, Zika, febre amarela e Chikungunya, deve ser combatido. Este pequeno inseto pode depositar até 450 ovos durante sua vida de 30 dias, e seus ovos podem sobreviver por um ano sem água, aguardando uma fonte para se desenvolverem em apenas 30 minutos. Originário da África, o Aedes aegypti chegou ao Brasil no início do século XIX e hoje está presente em 121 países. A Organização Mundial da Saúde estima que 80 milhões de pessoas contraem Dengue anualmente, com 550 mil hospitalizações e cerca de 20 mil mortes.

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No Brasil, em meio à pandemia de Covid-19, foram registrados mais de 1 milhão de casos de Dengue em 2020. Em 2019, o país viu um aumento de 488% nos casos em comparação com 2018, com mais de 1,5 milhão de brasileiros infectados, representando o segundo pior ano em duas décadas. Minas Gerais, Goiás e São Paulo concentraram 70% dos casos. A circulação do sorotipo 2 da Dengue, anteriormente raro, contribuiu para esse aumento. A infecção por diferentes sorotipos pode levar à dengue hemorrágica, uma forma mais grave da doença.

Para conter a doença, o Brasil tem adotado soluções químicas e campanhas de conscientização, focando na eliminação de criadouros e responsabilização da população. No entanto, o uso de larvicidas como o Temefós, não recomendado pela OMS, tem crescido. Este produto é tóxico para organismos aquáticos e apresenta riscos à saúde humana, como irritação ocular e sintomas graves em caso de exposição.

Ineficiência e Riscos do Fumacê

Desde 1986, o fumacê, ou UBV (ultra baixo volume), tem sido uma medida popular de controle do mosquito, apesar de sua ineficácia e riscos. Até 2019, o inseticida Malathion era utilizado, mas foi substituído pelo Cielo, composto por imidacloprida e praletrina, substâncias neurotóxicas. O fumacê é ineficaz, pois só mata mosquitos adultos em voo no momento da aplicação, não atingindo larvas ou ovos. Além disso, fatores climáticos podem reduzir ainda mais sua eficácia.

O fumacê também apresenta riscos à saúde humana e ao meio ambiente, contaminando água e afetando animais aquáticos e polinizadores como abelhas. A resistência dos mosquitos aos venenos é outro problema, exigindo doses cada vez maiores e novos produtos químicos.

Soluções Mais Eficientes e Sustentáveis no Controle do Aedes aegypti

Para um controle efetivo do Aedes aegypti, é necessário investir em saneamento básico e urbanismo, evitando a formação de criadouros. Soluções como ovitrampas e estações disseminadoras de pyriproxyfen (PPF) são eficazes e seguras. As ovitrampas atraem fêmeas para depositar ovos em recipientes com água e madeira, enquanto as estações PPF utilizam larvicida para contaminar e inativar criadouros.

Essas armadilhas são mais atrativas para as fêmeas do Aedes aegypti, mesmo com outras fontes de água parada nas proximidades. A adoção dessas soluções pode reduzir significativamente a população de mosquitos e controlar a disseminação de doenças, sem os riscos associados ao fumacê.

Redação Revista Amazônia

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