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Na abertura da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizada em Belém, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência, fez um discurso que combinou emoção pessoal, memória diplomática e uma convocação direta à ação. Ao declarar aberta a conferência, o diplomata definiu o evento como “a COP da Verdade” — aquela que precisa transformar compromissos em resultados concretos.
Durante o pronunciamento, Corrêa do Lago destacou que o Brasil vive um momento singular de união entre diferentes esferas de governo e instituições em torno da agenda climática. Citou a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da primeira-dama Janja Lula da Silva, do presidente do Senado, de governadores e prefeitos, como sinal de convergência inédita em torno da pauta ambiental. “O mundo precisa ver que o Brasil está unido por uma agenda que será excepcional para o crescimento, a criação de empregos e a melhoria da vida das pessoas”, afirmou.
O diplomata fez questão de agradecer ao governador do Pará, Helder Barbalho (Governo do Pará), anfitrião da conferência, e ao ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (Casa Civil), responsável pela coordenação das obras e da logística do evento. Para ele, o esforço coletivo simboliza o espírito de “mutirão” — palavra de origem indígena que, segundo ele, se tornou conhecida internacionalmente durante o processo de preparação da COP30. “É por meio do mutirão que poderemos implementar as decisões desta COP e das anteriores”, disse.
Corrêa do Lago, diplomata de carreira com mais de quatro décadas de atuação no Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), lembrou que participou da Conferência Rio-92 — momento em que nasceu a Convenção do Clima — e situou a atual conferência dentro de uma trajetória de avanços e urgências. “Em 1992, eu era um jovem diplomata fascinado pelo tema e pelas possibilidades que ele abria para o Brasil. Hoje, temos a responsabilidade de transformar esse legado em resultados”, afirmou.
O presidente da COP30 prestou homenagem à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (MMA), a quem chamou de “inspiração para a presidência brasileira da COP”. Reforçou também o papel dos chamados “campeões” da conferência, como o empresário Dan Ioschpe, campeão de alto nível, e a jovem Marcela Oliveira, campeã da juventude, que integram a estrutura de engajamento da presidência.
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Em tom reflexivo, Corrêa do Lago exaltou o multilateralismo como caminho indispensável para o enfrentamento da crise climática. Lembrou o Protocolo de Montreal, que eliminou 95% dos gases que destruíam a camada de ozônio, e o Acordo de Paris, que reduziu as projeções de aquecimento global, como provas de que a cooperação internacional funciona quando há compromisso coletivo. “A ciência, a educação e a cultura são o caminho que temos que seguir”, defendeu.
Mas o embaixador fez questão de temperar o otimismo com realismo: “Estamos quase lá, mas ainda há muito a fazer”. Afirmou que o elemento que mais mudou sua percepção sobre o processo climático global foi a urgência. Citou desastres recentes no Brasil, como os alagamentos no Paraná, e em outros países — Filipinas e Jamaica — como lembretes trágicos de que a mudança do clima já está em curso. “Temos uma responsabilidade imensa. A urgência é o elemento adicional agora tão presente, lembrado a cada tragédia”, declarou.
Ao definir os rumos da conferência, Corrêa do Lago afirmou que a COP30 precisa ser lembrada como uma “COP de implementação”, voltada à execução de compromissos já assumidos em Baku, na COP29 (UNFCCC COP29), e como uma “COP de adaptação”, que avance na integração entre clima, economia e geração de empregos. “Queremos que esta seja uma COP que apresente soluções”, disse, reforçando o papel da ciência e das políticas públicas baseadas em evidências.
Encerrando seu discurso, o diplomata agradeceu novamente ao presidente Lula pela confiança e prometeu corresponder às expectativas. “Talvez eu tenha sido escolhido porque consegui reunir uma equipe incrível. Com ela, faremos o que o senhor espera: uma COP que acredita na ciência e que entrega resultados concretos”, afirmou.
Ao dar início formal à conferência, o presidente da COP30 deixou uma mensagem clara: esta é a hora da ação coletiva. Mais do que negociações, a COP de Belém é um teste de credibilidade para o multilateralismo e para o próprio futuro do planeta.
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