Esse número representa uma transformação significativa no posicionamento do setor privado diante da crise climática. A sustentabilidade deixou de ser um tema secundário e se tornou um fator decisivo nas tomadas de decisão corporativas.
Empresas querem mais do que acompanhar — querem cocriar
Segundo Hamilton dos Santos, diretor-executivo da Aberje, essa mudança é reflexo direto da pressão crescente da sociedade por ações concretas de responsabilidade ambiental.
“As companhias estão cada vez mais conscientes do seu papel não apenas na adaptação às novas exigências ambientais, mas também na influência das políticas públicas”, afirma Santos.
Expectativas elevadas para a COP30 em Belém
Para 89% das empresas, a COP30 será um marco de grande relevância. Os principais objetivos empresariais para o evento incluem:
- 47%: comprometimento real com a agenda climática
- 39%: avanço em negociações e projetos sustentáveis
- 37%: acordos alinhados aos interesses do setor produtivo
Santos destaca que há um desejo coletivo por resultados concretos. “As empresas não querem apenas assistir à COP30, mas atuar como cocriadoras de soluções”, reforça.
Primeira participação para mais da metade das empresas
Para 52% das empresas ouvidas, esta será a primeira participação em uma COP. As que já estiveram presentes em edições anteriores relataram envolvimento intenso:
- 70% participaram da programação oficial
- 60% estiveram em eventos paralelos
Entre os impactos práticos destacam-se:
- 40%: maior proximidade com tomadores de decisão
- 38%: refinamento da estratégia ESG das empresas
Estrutura de sustentabilidade corporativa avança
Outro dado relevante mostra que 90% das empresas já possuem uma área de sustentabilidade estruturada, com integração em níveis executivos como diretorias e superintendências.
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Para Santos, essa estruturação é essencial para dar à área autonomia e influência estratégica. “A comunicação precisa ser ética, criteriosa e embasada em resultados”, observa.
Brasil ganha destaque na COP30
O papel do Brasil na conferência climática também é ressaltado: 90% das empresas acreditam que o país terá papel relevante, e 53% o consideram muito importante para o cenário climático global.
“A COP evoluiu de um fórum diplomático para um espaço plural, que hoje acolhe a iniciativa privada e a sociedade civil”, aponta Santos. Isso representa uma oportunidade para que empresas brasileiras mostrem seus projetos e compromissos ambientais.
Perfil das empresas ouvidas na pesquisa
O levantamento da Aberje contemplou empresas privadas de todo o país:
- 49%: multinacionais
- 31%: empresas nacionais
- 57%: localizadas no Sudeste (principalmente São Paulo)
Setores com maior representatividade:
- Energia/Bioenergia: 15%
- Agropecuário: 7%
- Tecnologia da Informação: 6%
- Alimentos e Bebidas: 5%
- Seguros e Previdência Privada: 5%