Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Durante o encerramento da Cúpula dos Povos em Belém, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma mensagem contundente sobre a importância da participação social para o sucesso da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30. Na carta lida pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Lula afirmou que o encontro paralelo organizado por movimentos sociais não apenas fortaleceu o debate climático como também tornou possível a realização da própria conferência oficial.
A Cúpula dos Povos, tradicionalmente um espaço de mobilização e crítica aos limites das negociações formais, reuniu organizações, coletivos, representantes de povos indígenas e populações tradicionais, além de diversas entidades da sociedade civil. Para Lula, essa convergência de vozes permite que a COP30, organizada sob a estrutura da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, representada pela UNFCCC, ultrapasse o universo diplomático e se conecte com experiências concretas de quem vive na Amazônia e sente diretamente os impactos ambientais.
O presidente anunciou ainda que retornará a Belém no dia 19 de novembro para uma agenda com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres. O encontro reforça o alinhamento com a ONU em torno do fortalecimento do multilateralismo e da governança climática internacional, pontos que Lula tem defendido em diversos fóruns ao longo de seu mandato.
Na carta, lida por Marina Silva — representante do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima — Lula destacou que a energia das ruas, das comunidades e dos territórios amazônicos é parte essencial do processo de tomada de decisão. Ele ressaltou que, em cada árvore da Amazônia, existe uma vida que sustenta o equilíbrio da floresta, reafirmando uma visão que combina política ambiental com humanidade e reconhecimento dos modos de vida amazônicos.
O presidente também chamou atenção para a urgência das transformações necessárias. Segundo ele, a luta contra a crise climática não pode ficar restrita aos governos ou aos compromissos formais assinados e reiterados em sucessivas conferências. Para que o mundo avance em direção a uma transição justa, é indispensável a ação coordenada entre Estado, sociedade civil e comunidades tradicionais, que há décadas alertam para o desmatamento e para a degradação dos ecossistemas.
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A crítica ao negacionismo climático apareceu como um eixo central de sua mensagem. Lula argumentou que a ciência já não deixa margem para dúvidas, e que as manifestações populares presentes em Belém expressam justamente essa convergência entre conhecimento técnico e experiência social. Ele afirmou que postergações e discursos ambíguos sobre a necessidade de reduzir emissões de gases de efeito estufa, superar a dependência dos combustíveis fósseis e financiar a adaptação climática não são mais aceitáveis diante da escala da emergência.
Outro ponto destacado foi o financiamento climático. O presidente reforçou que os países historicamente responsáveis pela maior parte das emissões precisam assumir compromissos efetivos com o Fundo Verde para o Clima e outros mecanismos internacionais. Sem esses aportes, afirmou, as nações em desenvolvimento continuarão arcando de forma desigual com os impactos das mudanças climáticas, apesar de terem contribuído proporcionalmente menos para o problema.
Por fim, Lula convocou os líderes globais presentes na COP30 a saírem de Belém com decisões concretas. Para ele, as visitas à região e o contato direto com populações amazônicas tornam impossível ignorar que o futuro da humanidade depende da preservação da floresta. Ao mesmo tempo, ressaltou que a proteção ambiental precisa caminhar junto ao desenvolvimento sustentável, à redução das desigualdades e à garantia de direitos básicos como alimentação, paz e dignidade.
Sua fala reafirma uma visão segundo a qual a Amazônia não é apenas um bioma a ser defendido, mas um território vivo que exige protagonismo social. Nesse sentido, a Cúpula dos Povos, longe de ser um evento paralelo ou decorativo, se consolidou como força política indispensável para consolidar o Brasil como liderança climática internacional.
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