Belém se prepara para ser o epicentro global do debate climático, mas, para além dos palcos diplomáticos, o verdadeiro pulso da Amazônia vibrará nos espaços do Museu Paraense Emílio Goeldi. Uma das instituições de pesquisa mais antigas e prestigiadas da região, o Goeldi se transformará em um polo de programação paralela durante a COP30, oferecendo um contraponto essencial: a ciência produzida na Amazônia e a sabedoria ancestral dos povos tradicionais como as verdadeiras bússolas para enfrentar a crise climática.
Essa convergência de saberes, que vai de 7 a 22 de novembro, desdobra-se em uma tripla jornada de conhecimento, ocupando diferentes setores da instituição e traduzindo a complexidade do bioma em diálogos acessíveis e transformadores.
O Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa do Goeldi sediarão três grandes frentes de discussão, cada uma com um foco estratégico para o futuro da região.
De 11 a 21 de novembro, a Casa da Ciência toma conta do Parque Zoobotânico. Organizada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), este espaço se dedica a traduzir pesquisas complexas em narrativas acessíveis, firmando a ciência como um instrumento vital de transformação social e ambiental. A programação, concentrada na Biblioteca Clara Galvão e no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira, será um convite aberto ao público para reconhecer a importância da pesquisa como pilar da resiliência amazônica.
Paralelamente, a Estação Amazônia Sempre, uma colaboração entre o Museu Goeldi e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), funcionará como um hub de alto nível entre 8 e 21 de novembro. Este é o ponto de encontro onde a ciência formal se cruza com a geopolítica do desenvolvimento. A estação reunirá cientistas, instituições de ensino e pesquisa, organizações não-governamentais, representantes de governos da Pan-Amazônia e grupos da sociedade civil, desenhando um futuro sustentável para a floresta em um diálogo franco e focado em soluções práticas. Os debates ocorrerão no Auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão e no Chalé Rodolfo de Siqueira Rodrigues.
Em um movimento de resgate histórico e ativismo, o Campus de Pesquisa do bairro da Terra Firme sediará o Espaço Chico Mendes. Essa ação, liderada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Comitê Chico Mendes, com a coordenação de Ângela Mendes, filha do icônico seringueiro e ativista ambiental, traz para o centro do debate a voz de povos e comunidades tradicionais. De 7 a 22 de novembro, o espaço será dedicado à construção de alianças e ao fortalecimento da ação coletiva, honrando o legado da luta ambiental e posicionando os saberes tradicionais como insubstituíveis na gestão da crise climática.
A programação não se limita aos debates; o Goeldi também abre suas portas para uma profunda reflexão cultural e artística sobre a Amazônia, sediando exposições que celebram a diversidade e a força política dos povos originários.
A partir de 8 de novembro, o Castelinho será o cenário de Impressões da Floresta, uma mostra que traduz a sutileza do bioma em arte. As artistas Laura Calhoun e Anna Leal, em parceria com comunidades rurais da Floresta Nacional de Caxiuanã, apresentam um trabalho artesanal que utiliza pigmentos naturais e uma técnica de transferência para estampar formas e cores das plantas em tecidos e papel, revelando a beleza da natureza com um olhar sustentável e minimalista. A mostra inaugura a partir de sábado, 9 de novembro, com entrada gratuita.
No Centro de Exposições Eduardo Galvão, o público poderá mergulhar em duas mostras de peso. A primeira, Brasil: Terra Indígena, abre no domingo, 9 de novembro. Realizada pelo Instituto Cultural Vale, o Centro Cultural Vale Maranhão (CCVM) e o Museu Goeldi, esta exposição inédita é um mergulho na produção cultural de mais de 305 povos indígenas. Ao reunir expressões materiais, acervo etnográfico e fotografias de 45 artistas indígenas contemporâneos, a mostra sublinha o papel político destas comunidades na formação e sustentação da cultura brasileira e do próprio território.
Complementando esse panorama, a mostra de longa duração Diversidades Amazônicas será inaugurada para o público a partir de 11 de novembro. Exclusiva do Museu Goeldi, ela se propõe a ser o posicionamento definitivo da instituição sobre a emergência climática, revelando a vasta sociobiodiversidade do bioma a partir do olhar de pesquisadores de áreas como arqueologia, zoologia e botânica, integrando também as contribuições vitais de povos indígenas e tradicionais.
Além das mostras fotográficas e etnográficas, a arte contemporânea da floresta ganha destaque com os murais no Centro de Exposições. O trabalho do Coletivo Mahku (povo Huni Kuin), ao lado das obras das artistas Drika Chagas e Cely Feliz, reafirma que a expressão artística é, na Amazônia, um ato de resistência, memória e projeção de futuro.
Ao sediar essa programação multifacetada e de alto impacto, o Museu Goeldi consolida-se durante a COP30 não apenas como um ponto de encontro, mas como o curador da resiliência amazônica, garantindo que as soluções mais genuínas para o planeta sejam ouvidas no palco global, com a força da ciência e a profundidade da história.
SERVIÇO
Local: Centro de Exposições Eduardo Galvão (Av. Magalhães Barata, 376 – São Brás,
Belém – PA)
Abertura ao público: 10/11 (segunda-feira), às 17h – apresentação à imprensa e
convidados.
Abertura ao público: a partir de terça-feira (11/11) – com entrada gratuita, de domingo a
domingo, das 9h até às 16h (até 21/11)
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