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Os preparativos para a COP 30 avançam em ritmo acelerado em Belém, e a logística para receber delegações de todo o mundo começa a ganhar contornos mais concretos. Um balanço apresentado ao Bureau da UNFCCC revelou que 79 países já confirmaram hospedagem na capital paraense, seja por meio de reservas feitas junto à Bnetwork, à Qualitour ou diretamente em hotéis e plataformas digitais. Outros 70 países ainda estão em negociação, mostrando a complexidade de acomodar milhares de delegados em uma cidade que nunca recebeu um evento climático desse porte.
Desde agosto, uma força-tarefa composta pela Presidência da COP 30, pela Secretaria Extraordinária da COP 30 da Casa Civil, pelo Ministério do Turismo e pelo governo do Pará foi criada para atuar como elo direto com as delegações. O objetivo é oferecer soluções rápidas em áreas sensíveis como hospedagem, transporte, saúde e outras demandas operacionais.
Esse trabalho personalizado é visto como essencial para que países em desenvolvimento ou com menos recursos logísticos possam participar plenamente da conferência. O secretário-executivo da UNFCCC, Simon Stiell, reconheceu o empenho do Brasil, elogiando os avanços alcançados até agora, mas destacou que ainda há desafios a superar.
Segundo dados apresentados, Belém já dispõe de mais de 42 mil quartos para novembro:
8.166 em hotéis da capital e da região metropolitana;
3.882 cabines em navios ancorados, das quais 800 com diárias de até US$ 200;
7.354 quartos via Bnetwork, com valores de até US$ 600;
23.300 opções em plataformas como Airbnb e Booking.com.
Para garantir acessibilidade financeira, o governo brasileiro tem atuado junto a órgãos de defesa do consumidor, como a Defensoria Pública do Pará, o Ministério Público, o Procon e a OAB, na contenção de práticas abusivas de preços. Plataformas como Airbnb e Hotels.com acataram recomendações, bloqueando anúncios considerados fora da realidade e emitindo alertas quando os valores ultrapassam a média de mercado.
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Um dos pontos de maior destaque da reunião com o Bureau foi o anúncio do reajuste da taxa de Diária das Nações Unidas (DSA) para Belém, que passou de US$ 144 para US$ 197 para 144 países em desenvolvimento, incluindo os Países Menos Desenvolvidos (LDCs) e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS). Esse apoio, embora limitado a alguns delegados por nação, foi visto como um avanço importante para garantir a presença de países mais vulneráveis.
Ainda assim, o governo brasileiro considera que o valor segue abaixo da média praticada em outras capitais nacionais e insuficiente para cobrir todos os custos locais. Por isso, sugeriu à UNFCCC o estudo da aplicação de uma taxa ad hoc — um reforço emergencial e específico para esta edição da COP.
A diretora-executiva da Conferência no Brasil, Ana Toni, ressaltou a importância de Belém como sede, lembrando que durante as missões internacionais da Presidência da COP 30 houve grande receptividade ao simbolismo da escolha da Amazônia. Em um cenário geopolítico complexo, a floresta aparece como um ponto de convergência para discussões sobre futuro climático.
O secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Maurício Lyrio, reforçou esse aspecto. Para ele, organizar a primeira COP no coração da Amazônia é um gesto de coerência e liderança: o país que abriga a maior floresta tropical do mundo assume sua responsabilidade em dar visibilidade ao papel crucial das florestas no combate à crise climática.
Com a Cúpula da COP 30 marcada para os dias 6 e 7 de novembro e os convites já enviados, o governo brasileiro se vê diante de uma equação complexa: garantir infraestrutura adequada em uma cidade de médio porte, sem perder de vista a acessibilidade econômica, a inclusão de países em desenvolvimento e o simbolismo da Amazônia como centro do debate climático global.
A logística de hospedagem é apenas uma das engrenagens dessa operação monumental, mas talvez a mais sensível, já que impacta diretamente na experiência dos milhares de delegados esperados. Se os números de reservas confirmadas e os esforços para conter preços abusivos são sinais positivos, ainda há a expectativa de ajustes e soluções criativas até a chegada do evento.
O sucesso da COP 30 em Belém dependerá tanto da infraestrutura física e logística quanto da mensagem política transmitida ao mundo: a de que a Amazônia não é apenas palco, mas protagonista das negociações que definirão o futuro climático do planeta.
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