Coruja-buraqueira 6 curiosidades que mostram como ela escolhe lugares improváveis para viver - Imagem gerada por IA
Imagine estar andando por uma praça movimentada, um campo de futebol ou até mesmo em um aeroporto e, de repente, perceber que alguém está te observando. Não, não é uma pessoa: é uma coruja-buraqueira, com seu olhar fixo e expressivo, surgindo de dentro de um buraco no chão. Diferente da maioria das corujas, essa espécie prefere os lugares abertos e, muitas vezes, surpreende ao escolher locais que ninguém esperaria.
A coruja-buraqueira (Athene cunicularia) é uma das espécies mais peculiares da fauna brasileira. Ao contrário da imagem clássica de corujas que vivem em árvores altas ou lugares isolados, ela habita ambientes abertos, muitas vezes em áreas urbanizadas.
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essa coruja pode ser encontrada desde áreas rurais até terrenos baldios no meio das cidades, sempre em busca de buracos para se abrigar e se proteger. Já estudos divulgados pela Cornell Lab of Ornithology, nos Estados Unidos, reforçam que o comportamento adaptável dessa ave é o que garante sua sobrevivência em diferentes habitats, inclusive próximos aos humanos.
Embora seja chamada de buraqueira, essa coruja muitas vezes aproveita tocas já abandonadas por tatus, preás ou outros animais de pequeno porte. Essa estratégia economiza energia e dá à ave maior agilidade para ocupar rapidamente espaços disponíveis. Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontam que esse comportamento aumenta as chances de sobrevivência, já que a ave consegue se instalar em áreas que outros animais abandonaram.
Se você pensa que o barulho da cidade afasta as aves, com a coruja-buraqueira acontece o contrário. Ela é frequentemente avistada em praças, jardins e até campos esportivos. Em São Paulo, por exemplo, já foram registradas dezenas de famílias vivendo próximas a rodovias. Esse comportamento curioso se deve ao fato de que as áreas urbanizadas muitas vezes oferecem alimento fácil, como insetos e pequenos roedores.
Uma das características mais marcantes da coruja-buraqueira é sua ousadia. Ao contrário de outras espécies que fogem rapidamente da presença humana, ela encara, permanece parada e, muitas vezes, acompanha os movimentos de quem se aproxima. Segundo o portal Aves de Rapina Brasil, essa postura é uma forma de defesa: a ave observa e avalia riscos antes de decidir se precisa voar.
Outro comportamento surpreendente é que a coruja-buraqueira gosta de formar colônias. Não é raro encontrar dezenas de ninhos próximos uns dos outros em um mesmo espaço aberto. Essa estratégia aumenta a segurança, já que várias aves podem vigiar e alertar o grupo sobre predadores. Esse modelo de vida comunitária é bastante incomum entre as corujas e reforça o caráter social da espécie.
A coruja-buraqueira é uma predadora versátil. Ela se alimenta de insetos, pequenos roedores, répteis e até anfíbios. Em áreas urbanas, não é incomum que aproveite restos de alimentos deixados pelos humanos. Segundo dados do ICMBio, essa flexibilidade alimentar explica em parte por que a espécie consegue se adaptar tão bem a diferentes regiões, inclusive cidades.
A capacidade de viver em locais improváveis e de se adaptar a mudanças drásticas no ambiente mostra a força da coruja-buraqueira. Nos Estados Unidos, a espécie já foi registrada em áreas desérticas, aeroportos e até em campos de golfe, provando que ela não se intimida com a presença humana nem com ambientes hostis. Essa resiliência a torna um exemplo de sobrevivência em meio à rápida urbanização.
Mais do que curiosa, a coruja-buraqueira é um lembrete da riqueza e da diversidade da fauna brasileira. Sua presença próxima aos humanos é, ao mesmo tempo, uma surpresa e um privilégio: mostra que, mesmo diante de tantos impactos ambientais, algumas espécies conseguem resistir e conviver lado a lado conosco.
Ver uma coruja-buraqueira em áreas urbanas pode ser interpretado como um indicador de que ainda existe um certo equilíbrio no ecossistema local. Sua presença mostra que pequenos insetos e roedores, base de sua alimentação, continuam disponíveis. Especialistas do ICMBio destacam que essas aves funcionam como espécies sentinelas, alertando sobre a saúde ambiental dos espaços que ocupam.
Outro aspecto fascinante da coruja-buraqueira é o impacto positivo que causa nas pessoas, principalmente em crianças. Encontrar a ave em praças ou jardins desperta curiosidade e aproxima a população da natureza de forma simples e encantadora. Esse contato direto ajuda a fortalecer a consciência ambiental e cria uma relação de respeito com a fauna urbana.
Apesar de sua capacidade de adaptação, a coruja-buraqueira também sofre ameaças, como atropelamentos, envenenamento por pesticidas e perda de habitat. Organizações ambientais reforçam que proteger seus locais de nidificação é essencial para garantir a continuidade da espécie. Preservar áreas verdes nas cidades e incentivar práticas urbanas mais sustentáveis são passos fundamentais nesse processo.
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