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Integração de dados fortalece combate ao desmatamento ilegal na Amazônia

Dados recentes apontam uma tendência de redução no desmatamento ilegal na Amazônia, graças a mecanismos de controle mais eficientes e ao avanço de pesquisas científicas que aprimoraram o monitoramento das florestas. Uma dessas iniciativas, que contribui para conter a extração ilegal de madeira no Brasil, foi destacada em um estudo publicado na renomada revista Nature Sustainability.

Modelagem e análise da rede madeireira

Liderado pelo professor Luis Gustavo Nonato, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP e pesquisador do Cepid-CeMEAI, o projeto tem como base a análise da rede de comércio madeireiro no país. “A implementação de mecanismos de controle e regulamentações pelo governo brasileiro gerou impactos positivos nas taxas de desmatamento”, explica Nonato. “Além disso, esses sistemas produziram dados valiosos sobre o comércio de madeira, permitindo a modelagem e análise da rede madeireira ao longo do tempo.”

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O estudo integrou informações de três principais sistemas de controle operacionais no Brasil, criando redes de comércio de madeira que ajudam a identificar empresas ou grupos que atuam fora dos padrões legais. “Propusemos um método para rastrear cadeias de suprimentos de empresas madeireiras, abordando uma preocupação antiga do governo sobre a rastreabilidade da madeira”, detalha o pesquisador.

Identificação de irregularidades e aumento da confiança no mercado

Entre os resultados, a pesquisa revelou que alguns componentes da rede de comércio de madeira operam sem conexões com florestas licenciadas, indicando a inserção de madeira não registrada, uma prática ilegal. “Essa análise permite aumentar a confiança dos consumidores na legalidade dos produtos de madeira que adquirem”, afirma Nonato.

O trabalho, desenvolvido em colaboração com pesquisadores como Victor Russo, Bernardo Costa, Felipe Moreno Vera e outros, utiliza dados já disponíveis nos sistemas de controle, evitando a necessidade de tecnologias caras e complexas. “Sistemas de rastreamento mais eficientes tendem a reduzir fraudes, o que é fundamental para o combate ao desmatamento ilegal”, ressalta o coordenador do projeto.

Imagem: Cedida/PMA

Impactos positivos além da preservação ambiental

Além de contribuir para a redução do desmatamento ilegal e a preservação da biodiversidade, a metodologia proposta aumenta a competitividade da madeira amazônica no mercado global. “A confiabilidade sobre a origem dos produtos atrai investimentos sustentáveis, fortalecendo o setor e beneficiando as comunidades locais”, destaca Nonato. Ele também enfatiza que a extração e o comércio ilegais geram conflitos sociais que afetam principalmente as populações mais vulneráveis.

Outro ponto relevante é a adaptabilidade do modelo. “A abordagem pode ser aplicada a outros contextos, como a modelagem e análise de redes comerciais e cadeias de suprimentos em diferentes setores, abrindo caminho para novos projetos e soluções”, explica o pesquisador.

Um passo à frente na preservação da Amazônia

O estudo representa um avanço significativo no combate ao desmatamento ilegal, oferecendo ferramentas práticas e acessíveis para monitorar e fiscalizar o comércio de madeira. Ao integrar dados existentes e propor métodos inovadores de rastreamento, a pesquisa não apenas protege a floresta, mas também promove um mercado mais justo e sustentável, beneficiando tanto o meio ambiente quanto as comunidades que dependem dele.

Redação Revista Amazônia

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