Saúde

Dengue, zika e chikungunya precisam ser controladas de forma integrada

Os pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP destacam que as estratégias para o controle de arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos, como dengue, zika e chikungunya, adotadas em países da América Latina têm sido eficazes. Em um artigo publicado na Frontiers in Immunology, os pesquisadores afirmam que a integração de iniciativas como redirecionamento de fármacos, desenvolvimento de vacinas, controle do vetor e programas de vigilância fortalece coletivamente a defesa global.

O biomédico Nelson Côrtes de Oliveira, primeiro autor do artigo e pesquisador do ICB, destaca que o estudo faz uma análise abrangente das iniciativas existentes para combater essas arboviroses, identificando melhorias necessárias e lacunas a serem preenchidas. No âmbito de seu doutorado, Oliveira trabalha no desenvolvimento de uma vacina para tratar o zika, utilizando a plataforma VLP (virus-like particles), que mimetiza a estrutura geral das partículas virais sem conter material genético infeccioso.

Publicidade

O estudo, publicado em dezembro de 2023, examinou 121 trabalhos sobre as arboviroses mais prevalentes na América Latina. A primeira parte abordou temas como a estrutura do vírus, morfogênese, patogenicidade e resposta imune, enquanto a segunda discutiu perspectivas para o desenvolvimento de estratégias de controle.

A pesquisadora Aline Lira, coautora do estudo, ressalta que, após o pico da pandemia de COVID-19, as arboviroses voltaram a ser uma preocupação, com aumento na incidência, especialmente de chikungunya. Ela destaca a importância de abordar essas doenças, que continuam sendo negligenciadas, mesmo com o número significativo de casos.

O artigo revela avanços promissores em tratamentos, incluindo o uso de drogas antivirais como cloroquina, niclosamida e derivados da isatina. Além disso, a estratégia de controle do vetor, como o uso da bactéria Wolbachia, tem se mostrado eficaz em reduzir a transmissão dessas doenças.

A pesquisa destaca a importância de políticas de prevenção, educação e sensibilização da comunidade para eliminar focos de reprodução do mosquito vetor. A utilização de inseticidas também é essencial. Um exemplo de sucesso citado é o Programa de Controle de Doenças por Arbovírus do Estado de Victoria, na Austrália.

Quanto às vacinas, o Brasil conta com a Qdenga, aprovada pela Anvisa em 2023, para os quatro sorotipos da dengue. O Instituto Butantan também solicitou o registro definitivo de uma vacina eficaz contra a chikungunya. A pesquisadora Aline Lira, em seu doutorado em biotecnologia, investiga meios de produzir uma vacina contra chikungunya utilizando a plataforma VLP.

O controle do vetor ainda é enfatizado como uma medida eficaz, com a abordagem inovadora do Método Wolbachia sendo conduzida pela Fiocruz no Brasil. O estudo conclui que, apesar dos avanços, a adesão da comunidade continua sendo um desafio para a implementação efetiva das estratégias de controle.

Diante do panorama das arboviroses, destaca-se que, em 2023, a dengue foi a doença mais prevalente no mundo, com mais de 2,8 milhões de casos registrados nas Américas. O controle do vetor ainda é considerado a medida mais eficaz, mas novos medicamentos e estratégias de controle da transmissão do vírus também estão sendo explorados para combater essas doenças negligenciadas.

Redação Revista Amazônia

Published by
Redação Revista Amazônia

Recent Posts

Canto dos animais marca as horas? Conheça essa sincronia natural

Quando o sol desponta na Amazônia, um coral de vozes irrompe – o rugido dos…

9 horas ago

3 motivos para proteger o tatu-galinha

Um animalzinho curioso, com uma armadura natural e um jeito tímido de cavar a terra,…

9 horas ago

Rato boiadeiro: táticas geniais de um sobrevivente

Um pequeno roedor correndo pela mata, de repente, para, ergue o rabo e solta um…

10 horas ago

Congresso Internacional IFAT Brasil 2025 está com inscrições abertas e gratuitas

A IFAT Brasil 2025, maior feira internacional voltada a tecnologias ambientais da América Latina, está…

11 horas ago

Hormônio FGF19 acelera queima de gordura e pode virar tratamento contra obesidade

Um estudo realizado na Unicamp revelou que o hormônio FGF19, produzido pelo intestino, atua diretamente…

11 horas ago

Google compra créditos de carbono da Orizon e impulsiona ecoparque em Cuiabá

Em um movimento que promete sacudir o mercado voluntário de carbono, a Orizon, especialista em…

11 horas ago