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Coreia do Sul e o desafio do fim da poluição plástica , o futuro das cidades resilientes

A transição para um mundo livre da poluição plástica está em andamento, e a Coreia do Sul ocupa um papel central nesse processo. Em janeiro de 2025, o país sediou a quinta reunião do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC-5), cujo objetivo era estabelecer um tratado global juridicamente vinculativo para eliminar a poluição plástica. No entanto, as negociações não chegaram a um consenso, e novas rodadas de discussão estão previstas para este ano.

 

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Com a indústria de polímeros e plásticos desempenhando um papel crucial na economia sul-coreana, cidades do país precisarão equilibrar sustentabilidade e impactos socioeconômicos para garantir uma transição justa. Mas quais são os desafios e oportunidades que esse cenário representa para as metrópoles sul-coreanas?

O Impacto Econômico da Indústria do Plástico

A indústria de polímeros e plásticos da Coreia do Sul é um dos pilares da economia do país, gerando cerca de US$ 33,35 bilhões em exportações e empregando aproximadamente 250 mil pessoas. No entanto, essa indústria também é uma das principais responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa, com cerca de 49,55 milhões de toneladas métricas de CO₂ equivalentes lançadas anualmente na atmosfera.

À medida que o mundo avança em direção à redução do consumo de plásticos descartáveis, o impacto sobre essa força de trabalho precisa ser cuidadosamente gerenciado. Especialistas alertam que milhares de empregos podem ser perdidos, a menos que medidas adequadas de requalificação e suporte social sejam implementadas.

Cidades Sul-Coreanas na Vanguarda da Sustentabilidade

Apesar dos desafios, algumas cidades sul-coreanas já demonstram liderança na luta contra a poluição plástica. Durante o INC-5, o Ministério do Meio Ambiente da Coreia do Sul e a Korea Environment Corporation (K-eco) organizaram o fórum “Rethinking Plastic Life”, onde destacaram as principais iniciativas locais.

 

Em Goyang, por exemplo, projetos inovadores vêm sendo testados para reduzir o desperdício de plástico. Entre as iniciativas estão o uso de copos reutilizáveis em estabelecimentos comerciais, um programa de reutilização de pacotes de gel térmico e campanhas para conscientizar os cidadãos sobre a importância da economia circular.

Já Jeju, uma das regiões mais comprometidas com a sustentabilidade, apresentou seu plano “2040 Plastic-Free Jeju”, que visa eliminar gradualmente o uso de plásticos na ilha. Além disso, o governo provincial estabeleceu a meta de neutralidade de carbono até 2035.

Essas iniciativas reforçam a ideia de que as cidades sul-coreanas podem não apenas aprender com experiências internacionais, mas também liderar a transição sustentável, exportando suas soluções para o resto do mundo.

A Reutilização Como Alternativa Sustentável

Uma das abordagens mais promissoras para reduzir a poluição plástica é a adoção de sistemas de reutilização dentro do conceito de economia circular. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), embalagens reutilizáveis são aquelas projetadas para serem utilizadas múltiplas vezes, reduzindo significativamente a necessidade de novos materiais.

Na Coreia do Sul, oportunidades para expandir o uso de embalagens reutilizáveis já estão sendo exploradas. Empresas e governos locais buscam maneiras de ampliar essa prática em setores como alimentação, delivery e comércio, reduzindo a dependência de plásticos descartáveis.

O projeto “Circular City Labs”, conduzido pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) em parceria com a ICLEI e o governo alemão, é um exemplo de como as cidades podem testar novos modelos de reutilização antes de implementá-los em grande escala.

Próximos Passos e o Papel das Cidades na Agenda Global

Mesmo sem um acordo formal no INC-5, as cidades sul-coreanas continuarão desempenhando um papel fundamental na luta contra a poluição plástica. A participação ativa dos governos locais na coalizão global para eliminar plásticos pode acelerar a implementação de políticas públicas mais eficazes e impulsionar investimentos em soluções sustentáveis.

O desafio, no entanto, não é apenas ambiental, mas também social e econômico. Para garantir uma transição justa, será necessário um esforço coordenado entre governos, empresas e sociedade civil para oferecer alternativas viáveis para trabalhadores afetados e promover a inovação sustentável.

A Coreia do Sul já deu passos importantes na busca por um futuro livre da poluição plástica. Resta saber se as negociações internacionais conseguirão acompanhar o ritmo das cidades que já decidiram liderar essa transformação.

Redação Revista Amazônia

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