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A ascensão e desafios do ouro e minério de ferro no mercado global

 

O ouro e o minério de ferro, duas commodities essenciais para a infraestrutura e o mercado de luxo, continuam desempenhando papéis cruciais no cenário econômico global. Desde 1981, quando o preço da onça de ouro (31,1g) disparou de US$ 34 para US$ 400, alcançando atualmente cerca de US$ 2.500, sua valorização não foi significativamente afetada por eventos como guerras ou crises globais. Isso ocorre porque, embora os ativos financeiros oscilem, eles mantêm sua estabilidade através de mecanismos econômicos consolidados.

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O minério na bolsa de valores

O mercado de ouro, em grande parte gerenciado pelas bolsas de Londres (LME) e Nova York (NYSE), é dominado por países como China, Austrália, Rússia e Estados Unidos (Figura 1). Embora o Brasil tenha uma produção considerável, grande parte dela é informal, o que impede que suas estatísticas reflitam com precisão sua real capacidade produtiva. Nos Estados Unidos, as duas maiores minas do mundo são operadas pela Barrick Gold e Newmont Gold, ambas no estado de Nevada (Figura 2).

No entanto, o verdadeiro destaque da mineração no Brasil é o minério de ferro, onde a Vale se sobressai. Com custos operacionais baixos em Carajás (entre US$ 10 e 15 por tonelada), a empresa lucra consideravelmente, já que o minério é vendido na China por aproximadamente US$ 100. Em contrapartida, o mercado global de minério de ferro enfrenta desafios, com uma recente queda nos preços, impulsionada pela desaceleração da atividade industrial chinesa. Em setembro de 2024, o minério era negociado a cerca de 720,50 iuanes (US$ 101) por tonelada na Bolsa de Mercadorias de Dalian.

 

Os maiores produtores de minério de ferro, incluindo Austrália, China, Brasil, Índia e Rússia, são responsáveis por cerca de 70% da produção mundial, totalizando 2,5 bilhões de toneladas (Figura 3). Desde que Carajás embarcou sua primeira carga de minério de ferro em 1985, o preço da tonelada saltou de US$ 20 para picos de até US$ 190, destacando a importância da commodity na infraestrutura global, especialmente na construção e na indústria siderúrgica.

Especialistas estão atentos aos desdobramentos econômicos e às tensões entre as duas maiores economias do mundo: EUA e China. O banco Morgan Stanley avaliou o impacto de possíveis aumentos de tarifas comerciais sobre a demanda de minério de ferro. Embora uma produção econômica mais fraca possa reduzir a demanda por aço, o crescimento dos mercados emergentes, com a China à frente, impulsiona uma visão positiva para a demanda global da commodity.

As tarifas comerciais, impostas pelos EUA em 2018, não causaram um impacto significativo na demanda por minério de ferro. Isso ocorreu, em grande parte, porque o crescimento das economias emergentes, aliado ao aumento das exportações de aço da China, conseguiu compensar a produção norte-americana. Atualmente, os EUA importam cerca de 50 milhões de toneladas de aço anualmente, divididos entre comércio direto e indireto.

Segundo analistas do banco J.P. Morgan, apesar de possíveis tensões comerciais prejudicarem a demanda por aço, o crescimento em mercados emergentes, especialmente na China e no Sudeste Asiático, deverá sustentar a demanda por minério de ferro em uma trajetória ascendente. O Bradesco BBI também mantém expectativas positivas, especialmente em relação à demanda chinesa, aguardando os desdobramentos do “Terceiro Plenário” da China, previsto para ocorrer em meados de julho.

Em resumo, o futuro do mercado de ouro e minério de ferro, embora influenciado por variáveis como tensões geopolíticas e políticas comerciais, permanece promissor, sustentado pela crescente demanda global por infraestrutura e produtos de luxo. As economias emergentes, lideradas pela China, continuarão a desempenhar um papel fundamental na manutenção da demanda por essas commodities essenciais.

Por: Geólogo Alberto Rogério Benedito da Silva

 

Redação Revista Amazônia

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