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Cientistas desenvolvem método inovador para extrair água no Deserto do Atacama

Com uma média de apenas 1,4 milímetro de chuva por ano, o Deserto do Atacama, no Chile, é considerado um dos lugares mais áridos do planeta. Para sobreviver, os habitantes da região dependem de fontes subterrâneas de água, formadas há milhares de anos. No entanto, uma equipe internacional de cientistas está explorando uma nova abordagem para enfrentar a escassez hídrica: a coleta de água a partir da neblina.

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Fonte: Rede Omnia

Um estudo recente, publicado na última quinta-feira (20), revela os detalhes dessa técnica inovadora, que pode oferecer uma solução complementar para o abastecimento de água em uma das regiões mais secas do mundo. A pesquisa foi conduzida em Alto Hospicio, uma cidade localizada na área hiperárida do deserto, que enfrenta desafios significativos devido ao rápido crescimento populacional e à falta de infraestrutura hídrica.

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A técnica dos coletores de neblina

A equipe de cientistas desenvolveu um sistema que utiliza redes coletoras de neblina para capturar a umidade presente na cerração. Esses coletores consistem em painéis suspensos que não requerem energia externa, tornando o processo sustentável e acessível. A água capturada é então armazenada para uso posterior.

Coletores de água de neblina no Deserto do Atacama – Imagem: Virginia Carter Gamberini/Divulgação

Durante um ano de estudo, os pesquisadores identificaram uma área de 100 quilômetros quadrados onde a técnica pode ser aplicada com eficiência. Nessa região, foi possível extrair entre 0,2 e 5 litros de água por metro quadrado de rede coletora. Em determinados períodos, como entre agosto e setembro de 2024, a produção chegou a impressionantes 10 litros por metro quadrado.

Potencial e desafios da técnica

Apesar dos resultados promissores, os cientistas destacam que a coleta de água da neblina é mais eficiente em áreas de maior altitude, fora dos limites urbanos. Por isso, a técnica não deve ser vista como uma solução única para a gestão e distribuição de água na região, mas sim como uma fonte complementar.

A água extraída da neblina pode ser utilizada para consumo humano, irrigação e até mesmo para a produção de alimentos, o que seria um avanço significativo para comunidades que atualmente dependem de caminhões-pipa para seu abastecimento. No entanto, a implementação em larga escala exigiria investimentos consideráveis em infraestrutura e sistemas de armazenamento.

Impacto nas comunidades locais

Alto Hospicio, onde o estudo foi realizado, é uma cidade que enfrenta sérios problemas de acesso à água. Cerca de 10 mil pessoas vivem em aglomerados subnormais, e apenas 1,6% dessas comunidades possui conexão com redes de distribuição de água. Para a maioria dos habitantes, a água é entregue por caminhões-pipa, um método caro e insustentável a longo prazo.

A técnica de coleta de neblina pode representar uma alternativa viável para essas comunidades, oferecendo uma fonte adicional de água que não depende de recursos subterrâneos já escassos. Além disso, a simplicidade e a sustentabilidade do sistema o tornam uma opção atraente para regiões remotas e de difícil acesso.

O futuro da gestão hídrica no deserto

Embora a coleta de água da neblina não resolva todos os desafios hídricos do Deserto do Atacama, ela abre novas possibilidades para o abastecimento em uma das regiões mais inóspitas do mundo. A técnica pode ser especialmente útil em combinação com outras estratégias, como a dessalinização da água do mar e a melhoria da infraestrutura de distribuição.

Os pesquisadores enfatizam a necessidade de mais estudos e investimentos para otimizar a eficiência dos coletores de neblina e expandir sua aplicação. Enquanto isso, a iniciativa já representa um passo importante na busca por soluções sustentáveis para a escassez de água, oferecendo esperança para as comunidades que vivem no coração do deserto mais seco do planeta.

Redação Revista Amazônia

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