Categories: Meio Ambiente

Dia de Proteção às Florestas Destaca a Importância da Preservação Ambiental

Na Terra Indígena (TI) Rio Pindaré, localizada principalmente no município de Bom Jardim, Maranhão, Estado que liderou a perda de vegetação nativa no Brasil com um aumento de 95,1% em 2023, duas comunidades locais se uniram para preservar a rica biodiversidade da região e retomar práticas ancestrais de manejo sustentável.

Organização de mulheres e brigadistas voluntários da TI Rio Pindaré durante o plantio de 80 árvores – Fonte: Robert Miller/Acervo ISPN

O projeto “Mãe D’água: das nascentes para reflorestar mentes”, liderado pelo grupo de mulheres indígenas Wiriri Kuzá Wá em parceria com a Brigada Voluntária Indígena, busca preservar e revitalizar a natureza local.

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Durante o projeto, mais de 50 mulheres e 15 homens fizeram expedições na floresta para identificar cinco nascentes prioritárias e plantar 80 mudas de espécies nativas como juçara, bacaba e cupuaçu. Essas ações não apenas contribuem para a conservação ambiental, mas também resgatam a cultura e espiritualidade da comunidade.

Vanussa Viana Guajajara, líder indígena local, destaca a importância dessas atividades como um momento de reconexão com a natureza e com as histórias dos anciãos. “É uma parte da história que estava faltando, um vazio que precisava ser preenchido. Meu pai, que foi cacique, sempre falava desses lugares que agora estamos redescobrindo”, diz ela.

Marisa Caragiu Viana Guajajara, coordenadora-geral do Wiriri Kuzá Wá, ressalta que, embora alguns impactos da devastação promovida por não indígenas tenham sido revertidos, ainda há muito a ser feito para proteger e recuperar o território. O projeto permite a manutenção de tradições ancestrais, como a Festa da Menina Moça, que utiliza carne de caça para o preparo do moqueado.

Marisa destaca a conexão espiritual com a floresta e a água, essenciais para a cultura Guajajara. “Nosso território foi muito devastado, mas agora voltamos a encontrar caças para nossas festas e rituais. Continuaremos o monitoramento e plantio mesmo após o fim do projeto, pois é crucial para nossa espiritualidade e ancestralidade”, afirma.

Com um forte componente educativo e comunitário, o projeto envolve jovens, adultos e anciãos das nove aldeias do território, contando com a parceria da Associação Indígena Comunitária Mainumy (AICOM) e financiamento do Podáali (Fundo Indígena da Amazônia Brasileira). O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) fornece apoio técnico, destacando a importância da “restauração biocultural”, que combina aspectos ambientais e culturais na preservação do território.

Restauração Florestal no Marajó (PA)

No Pará, a Rede Raízes, composta por mulheres e homens agroextrativistas, tem liderado ações de restauração florestal, promovendo a produção de mudas, mobilização comunitária e implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF’s). Deborah Pires, engenheira agrônoma e analista socioambiental do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), explica que os SAF’s são uma alternativa à monocultura, promovendo a diversidade e a sustentabilidade do solo.

Desde 2021, com apoio do Fundo Socioambiental da CAIXA, a Rede Raízes já plantou 240 mil mudas agroflorestais na região de Marajó, com a meta de alcançar 500 mil. Essas iniciativas não só preservam o meio ambiente, mas também aumentam a segurança alimentar e geram renda para as famílias envolvidas. A expectativa é que a Rede Raízes ajude a identificar as necessidades de cada comunidade, fortalecendo a agenda de restauração florestal socioprodutiva.

Unidades de Conservação e Preservação das Florestas

A série “Em Clima de Amazônia”, produzida pelo Idesam, apresenta depoimentos de especialistas como o ecólogo Philip Fearnside sobre a importância das Unidades de Conservação. Fearnside destaca que, desde sua chegada à Amazônia em 1973, presenciou um aumento significativo do desmatamento, ameaçando os serviços ambientais essenciais oferecidos pela floresta.

Unidades de conservação e áreas protegidas são fundamentais para evitar o desmatamento e promover o uso sustentável dos recursos, como nas Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Um exemplo é a RDS Uatumã, onde a população local, afetada pela construção de barragens, adota práticas sustentáveis como agroflorestas e esquemas de pagamento por serviços ambientais.

Essas iniciativas são vitais para a proteção da floresta amazônica, essencial para o clima, a biodiversidade e a cultura local, beneficiando tanto a população regional quanto global.

Redação Revista Amazônia

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