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Tecnologia DXA revoluciona análise corporal de peixes vivos

Uma nova técnica está transformando a forma como pesquisadores avaliam a composição corporal de peixes vivos. Utilizando a absorciometria de raios X de dupla energia (DXA), cientistas brasileiros desenvolveram um método mais preciso e menos invasivo para analisar a composição química de espécies como pacu (Piaractus mesopotamicus) e tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus). A inovação pode reduzir custos operacionais e melhorar a eficiência de estudos em aquicultura.

Avanço na pesquisa aquícola

Tradicionalmente, a análise da composição corporal dos peixes exigia o sacrifício dos animais, tornando inviáveis estudos de longo prazo com os mesmos indivíduos. O método DXA permite uma abordagem diferente: os peixes são anestesiados, submetidos ao escaneamento por raios X (processo que dura de 6 a 10 minutos) e depois devolvidos ao viveiro. Dessa forma, pesquisadores podem acompanhar a evolução do mesmo exemplar ao longo do tempo, obtendo dados mais precisos sobre seu crescimento e desenvolvimento.

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O estudo, realizado pelo Centro de Aquicultura da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal e pela Universidade Brasil de Fernandópolis, demonstrou que a DXA apresenta alta precisão na análise de proteínas, gordura, água, matéria mineral e peso total dos peixes. Os resultados foram publicados na revista Aquaculture.

Benefícios e desafios da nova técnica

Além de evitar o abate dos peixes, a DXA oferece vantagens como rapidez e confiabilidade na medição da composição corporal. Segundo João Batista Fernandes, pesquisador da Unesp e coautor do estudo, a técnica é especialmente útil para estudos nutricionais e genéticos, pois permite avaliar o impacto da alimentação e da genética no crescimento dos animais de maneira contínua.

Entretanto, um dos principais desafios para a adoção ampla da tecnologia é o custo elevado dos equipamentos, que variam entre US$ 50 mil e US$ 100 mil. Para contornar essa limitação, a Unesp tem compartilhado o aparelho entre diferentes projetos de pesquisa, ampliando seu impacto e viabilizando mais estudos.

Método demonstrou alta precisão na análise de proteínas, gordura, água, matéria mineral e peso total em diferentes estágios de crescimento dos animais (imagem: Cleber Mansano)

Aplicações na produção aquícola

A metodologia já foi validada para pacu e tilápia-do-nilo, mas os pesquisadores planejam expandir os testes para outras espécies de interesse comercial, como tambaqui (Colossoma macropomum), pirarucu (Arapaima gigas) e matrinxã (Brycon cephalus). Além de sua aplicação em peixes criados para consumo, a DXA também pode ser útil na conservação de espécies ameaçadas, pois permite análises detalhadas sem causar danos aos animais.

Fernandes destaca que o método pode ajudar a otimizar estratégias de manejo nutricional, tornando a produção aquícola mais eficiente e sustentável. “A DXA permite um acompanhamento preciso da composição corporal ao longo do crescimento do peixe, o que é fundamental para ajustar dietas e melhorar a produtividade sem desperdícios”, explica.

Impacto na ciência e no setor produtivo

A adoção da DXA na aquicultura representa um passo importante para o desenvolvimento da pesquisa e da produção sustentável de peixes. Com o suporte da FAPESP e colaborações entre universidades, o avanço da tecnologia pode trazer benefícios diretos tanto para cientistas quanto para produtores.

O estudo “Evaluation of dual-energy X-ray absorptiometry (DXA) technique for the determination of body composition of Pacu and Nile tilapia in vivo” pode ser acessado no link: www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0044848624000723?via%3Dihub.

Redação Revista Amazônia

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