COP 30

Jovens da EETEPA vivenciam inovação em barco movido a hidrogênio verde na COP30

Em meio à efervescência de ideias e soluções sustentáveis que tomam conta de Belém durante a COP30, um grupo de estudantes da Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (EETEPA) Dr. Celso Malcher teve uma experiência que transcendeu os limites da sala de aula. Na manhã desta quarta-feira (12), vinte alunos participaram de uma visita técnica à embarcação JAQ H1, o primeiro barco brasileiro movido a hidrogênio verde, ancorado na Estação das Docas.

O projeto, fruto de uma parceria entre o Grupo Náutica, a montadora GWM Brasil e o Itaipu Parquetec, representa um marco para a inovação náutica e para o avanço das tecnologias limpas no país. A embarcação utiliza o hidrogênio como fonte de energia renovável, emitindo apenas vapor d’água, e vem sendo apresentada durante a conferência como um exemplo concreto da transição energética em curso.

A Amazônia no centro da inovação

A atividade integrou a programação educativa da COP30 e foi acompanhada por pesquisadores, gestores e representantes do Instituto Mondó, responsável pelo painel “Impulsionando Territórios: parcerias e saberes para o desenvolvimento sustentável”. O debate destacou o papel da educação técnica e da juventude amazônica na construção de um futuro de baixo carbono.

Para Andrey Rabelo, coordenador da EETEPA e painelista do encontro, o aprendizado vivido ali vai muito além da teoria.
“É uma oportunidade que amplia horizontes. Os alunos vivenciaram como ciência e tecnologia se conectam à sustentabilidade, percebendo que o desenvolvimento da Amazônia passa por inovação e consciência ambiental”, destacou.

O painel também trouxe reflexões sobre a importância das parcerias público-privadas na formação de capital humano voltado à economia verde. A ideia central é que as transições energéticas e climáticas só serão sustentáveis se forem, antes de tudo, inclusivas — com protagonismo das novas gerações e dos territórios amazônicos.

Foto: Priscila Castro

Juventude inspirada pela tecnologia limpa

Entre os alunos, a curiosidade se misturou à esperança. Safira Corrêa Oliveira, estudante do curso técnico de Meio Ambiente, contou que o contato direto com a tecnologia reforçou seu desejo de atuar na área da pesquisa ambiental.
“Ver de perto uma inovação que pode mudar o mundo é inspirador. O hidrogênio verde é uma alternativa real para reduzir impactos e mostra que a Amazônia pode liderar soluções climáticas”, afirmou.

Já Amanda Noemi, aluna do curso técnico em Logística, ressaltou como a experiência amplia o olhar sobre o papel da sustentabilidade nas profissões do futuro.
“Percebi que tecnologia e meio ambiente caminham juntos. A escola nos dá a base, mas é nessas vivências que a gente entende o que significa fazer parte de um mundo em transformação”, observou.

Os estudantes percorreram o interior do JAQ H1, guiados por engenheiros e técnicos do projeto, que explicaram desde o processo de geração e armazenamento do hidrogênio até os mecanismos de propulsão. O barco é silencioso, não emite gases poluentes e tem autonomia para longas distâncias — características que o tornam uma referência em mobilidade sustentável para regiões ribeirinhas.

Foto: Priscila Castro

SAIBA MAIS: Portal holandês analisa a COP30 e afirma: inovação pode ser o ponto de virada na luta pelo clima

Ciência, juventude e o futuro da Amazônia

Para Júlia Jungmann, diretora de Relações Institucionais do Instituto Mondó, o protagonismo dos jovens é indispensável para o futuro da Amazônia.
“Iniciativas como essa mostram que a educação é a semente da transformação. Esses estudantes serão os próximos líderes da transição ecológica, e é essencial que participem desde já das discussões e das práticas de inovação. Não há como preservar a floresta sem ouvir quem vive sob suas árvores”, enfatizou.

A presença dos alunos no barco simbolizou o encontro entre tradição e futuro: jovens formados em escolas técnicas paraenses, vivendo a experiência de uma tecnologia que pode revolucionar o transporte fluvial na Amazônia — e, ao mesmo tempo, aprender que ciência e sustentabilidade precisam estar enraizadas na realidade local.

O evento também reforçou o papel da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (SECTET) na promoção de ações educativas durante a COP30. A secretaria tem ampliado programas voltados à pesquisa aplicada e à inovação sustentável em escolas técnicas do estado, conectando os currículos ao contexto amazônico e às demandas da economia verde.

Um símbolo do que vem pela frente

Ao final da visita, os estudantes se reuniram no convés do JAQ H1, observando as águas do Guamá e refletindo sobre o futuro. Para muitos, foi a primeira vez a bordo de uma embarcação movida por energia limpa; para todos, a certeza de que a transição energética também passa pela educação.

Como sintetizou o professor Andrey Rabelo: “Quando um aluno entende que pode usar o conhecimento técnico para regenerar o planeta, ele deixa de ser apenas estudante e passa a ser protagonista da mudança”.

A experiência deixou claro que o futuro da Amazônia será construído não apenas com grandes projetos, mas com pessoas curiosas, criativas e comprometidas — exatamente como aqueles jovens da EETEPA que, em pleno COP30, navegaram rumo a uma nova era de possibilidades sustentáveis.

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