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Extrativistas se preparam para nova safra da Castanha-do-Pará na Flota Trombetas

A Floresta Estadual do Trombetas, uma das joias da Amazônia, está prestes a iniciar mais uma temporada de coleta da Castanha-do-Pará.

Abertura da safra

A abertura da safra, programada para os dias 2 e 3 de fevereiro, contará com a participação de cerca de 600 extrativistas cadastrados junto ao Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), gestor da Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Desse total, 320 são associados da Associação dos Moradores da Comunidade de Jamaracaru e Região (Acaje), entidade com mais de 50 anos de atuação na região.

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A expectativa para este ano é de uma coleta menor em comparação ao ano anterior, quando foram recolhidas 7.500 sacas de castanha, o equivalente a aproximadamente 450 toneladas. “Devido às mudanças climáticas, acreditamos que a safra será menor este ano, mas ainda esperamos coletar cerca de três mil sacas entre fevereiro e junho”, explicou Sidiane Sampaio, presidente da Acaje. Ela destacou que, em 2023, a safra da castanha praticamente se sobrepôs à do cumaru, outra importante atividade extrativista da região.

Parcerias que fortalecem a sustentabilidade

A coleta da castanha-do-pará na Flota Trombetas é um exemplo de como a colaboração entre instituições e comunidades locais pode promover a sustentabilidade. A Acaje, em parceria com o Ideflor-Bio, a Polícia Militar Ambiental e a Prefeitura de Óbidos, tem trabalhado para garantir a conservação da floresta e a melhoria da qualidade de vida dos extrativistas. A base de Jamaracaru, construída graças a essa parceria, é um centro de atividades que vai além da coleta de castanha e cumaru, incluindo o cadastramento de extrativistas, o monitoramento ambiental e o desenvolvimento de projetos como a produção de biojóias e doces artesanais.

“Em 2023, realizamos diversas atividades em parceria com o Ideflor-Bio, o Imazon, a Prefeitura de Óbidos e o Fundo Lira do Instituto Ipê. Essas iniciativas têm sido fundamentais para capacitar nossa comunidade e gerar renda”, ressaltou Sidiane. Além disso, a Acaje tem investido no turismo de base comunitária, oferecendo visitas guiadas à Cachoeira de Jamaracaru, um dos principais atrativos turísticos da região.

Turismo comunitário e preservação ambiental

O turismo de base comunitária tem se mostrado uma alternativa promissora para a geração de renda e a conservação da floresta. Desde julho de 2023, a Acaje iniciou um projeto de visitação à Cachoeira de Jamaracaru, com nove condutores capacitados para acompanhar os visitantes. “Cada visitação é feita por dois condutores e leva, em média, 10 pessoas. Essa atividade tem fortalecido nossa comunidade e mostrado que é possível valorizar nossos recursos naturais de forma sustentável”, afirmou Sidiane.

A iniciativa faz parte de um esforço maior para diversificar as fontes de renda dos moradores locais, reduzindo a dependência exclusiva do extrativismo. Além disso, a Acaje participou do projeto “Dia no Parque”, realizado pelo Imazon em todo o Brasil, que promove a conscientização sobre a importância das áreas protegidas.

Um futuro sustentável para a região

A combinação entre o extrativismo tradicional e o turismo de base comunitária representa um caminho promissor para a região de Jamaracaru. Ao valorizar seus recursos naturais e culturais, a comunidade não apenas fortalece sua identidade, mas também garante a preservação da floresta para as futuras gerações. “Estamos mostrando que é possível viver em harmonia com a natureza, gerando renda e conservando nosso patrimônio ambiental”, concluiu Sidiane.

Com o apoio de parceiros e a dedicação dos extrativistas, a Flota Trombetas continua a ser um exemplo de como a Amazônia pode ser protegida e aproveitada de forma sustentável, beneficiando tanto as comunidades locais quanto o planeta como um todo.

Floresta Estadual do Trombetas

A Floresta Estadual do Trombetas é uma importante unidade de conservação localizada no estado do Pará, na região Norte do Brasil. Ela cobre uma área de aproximadamente 2.400.000 hectares e está situada na região da Amazônia, em uma das áreas de maior biodiversidade do planeta. A floresta é reconhecida tanto por sua importância ambiental quanto pela sua relevância para a pesquisa científica e a preservação de espécies.

A unidade de conservação foi criada com o objetivo de preservar o ecossistema da floresta tropical, proteger a fauna e a flora, além de assegurar a manutenção dos serviços ambientais prestados, como a regulação do clima, a proteção das águas e a conservação dos solos.

A Floresta Estadual do Trombetas está localizada em uma área que inclui o território do rio Trombetas, que é de fundamental importância para a região. O rio Trombetas é um dos principais cursos d’água da Amazônia e atravessa a floresta, desempenhando papel essencial na dinâmica ecológica da área.

Além disso, a floresta é lar de diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, como o peixe-boi amazônico, o guará (uma ave de plumagem vermelha), entre outros animais e plantas típicos da região amazônica. É uma área de grande valor para o turismo de base comunitária e para iniciativas de manejo sustentável.

No entanto, como muitas outras áreas da Amazônia, a Floresta Estadual do Trombetas enfrenta desafios relacionados ao desmatamento ilegal, a exploração madeireira e outras pressões, o que torna ainda mais relevante o esforço para sua preservação e manejo responsável.

Redação Revista Amazônia

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