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Nova mina de Tório na Finlândia promete revolução energética global

Uma descoberta geológica surpreendente na Finlândia pode transformar o cenário energético mundial nas próximas décadas. No início de fevereiro de 2025, cientistas anunciaram a localização de uma gigantesca mina de tório na região de Peräpohja, no norte do país. Esta descoberta tem o potencial de redefinir o futuro da produção de energia limpa e sustentável em escala global.

O Potencial Energético do Tório

O tório, um elemento químico levemente radioativo, é considerado uma alternativa mais segura e eficiente ao urânio na geração de energia nuclear. A quantidade de tório encontrada nesta nova mina é tão significativa que, segundo estimativas preliminares, poderia abastecer o mundo por aproximadamente 20 milhões de anos. Esta perspectiva de fornecimento energético quase ilimitado coloca o tório como um potencial sucessor dos combustíveis fósseis e até mesmo do urânio convencional.

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Vantagens do Tório sobre o Urânio

  1. Abundância: O tório é mais abundante na natureza que o urânio, tornando-o uma fonte de combustível mais econômica e sustentável.
  2. Segurança: Reatores de tório oferecem menor risco de acidentes nucleares.
  3. Resíduos Reduzidos: A geração de energia a partir do tório produz significativamente menos resíduos radioativos.
  4. Não-proliferação: Diferentemente dos reatores de urânio, os de tório não geram plutônio como subproduto, reduzindo riscos de proliferação nuclear.

Impacto na Transição Energética Global

A descoberta desta mina de tório na Finlândia pode ter um impacto profundo na transição global para fontes de energia mais limpas. Com a crescente pressão para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e a dependência de combustíveis fósseis, o tório surge como uma alternativa promissora.

Potencial Energético Comparativo

Segundo estimativas do vencedor do Nobel Carlo Rubbia, do CERN:

  • 1 tonelada de tório pode produzir tanta energia quanto:
    • 200 toneladas de urânio
    • 3.500.000 toneladas de carvão

Esta eficiência energética impressionante coloca o tório como um candidato sério para liderar a próxima geração de energia nuclear limpa e segura.

Desafios e Perspectivas Futuras

Apesar do enorme potencial, a adoção em larga escala da tecnologia de tório ainda enfrenta desafios significativos:

  1. Custos de Desenvolvimento: A transição para reatores de tório requer investimentos substanciais em pesquisa e infraestrutura.
  2. Adaptação Tecnológica: A maioria dos reatores nucleares atuais é projetada para urânio, necessitando adaptações para o uso de tório.
  3. Regulamentação: Ainda são necessárias regulamentações específicas para o uso comercial de tório como combustível nuclear.

No entanto, países como China e Índia já estão investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de tório. A China, por exemplo, emitiu recentemente uma licença operacional para seu primeiro reator de sal fundido de tório.

Tório: O Futuro Promissor da Energia Nuclear

Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas e a busca por fontes de energia limpas e sustentáveis, uma alternativa vem ganhando destaque nos círculos científicos e industriais: o tório. Este elemento químico, muitas vezes negligenciado em favor do urânio, está emergindo como uma opção potencialmente revolucionária para a geração de energia nuclear, prometendo maior segurança, eficiência e sustentabilidade.

O que é o tório e por que ele importa?

O tório é um elemento químico de número atômico 90, descoberto em 1828 pelo químico sueco Jöns Jacob Berzelius. Apesar de ser levemente radioativo, o tório é consideravelmente menos perigoso que o urânio, o atual combustível padrão para reatores nucleares.

Uma das principais vantagens do tório é sua abundância. Estima-se que seja de três a quatro vezes mais abundante na crosta terrestre que o urânio, com reservas significativas em países como Índia, Austrália, Estados Unidos e Brasil. Esta abundância poderia potencialmente resolver problemas de escassez de combustível nuclear no longo prazo.Euclydes Marega Júnior, professor e pesquisador do Instituto de Física de São Carlos da USP, explica: “O interesse nesse tipo de reator também ocorre devido ao tório-232 ser encontrado em maior abundância na natureza que o urânio”.

Como funcionam os reatores de tório?

Os reatores nucleares de tório utilizam um ciclo de combustível diferente dos reatores tradicionais de urânio. O tório-232, que é o isótopo natural mais comum, não é diretamente utilizável como combustível nuclear. No entanto, ao absorver um nêutron no interior do reator, o tório-232 se transforma em tório-233, que posteriormente sofre uma série de decaimentos beta até se transformar em urânio-233 (U-233), este sim um isótopo físsil.

Este processo, conhecido como “ciclo do tório”, tem várias vantagens sobre o ciclo tradicional do urânio. Primeiramente, produz significativamente menos resíduos radioativos de longa duração. Além disso, os reatores de tório são projetados para ter uma resposta negativa de temperatura, o que significa que, se o reator começar a superaquecer, a reação nuclear naturalmente desacelera, tornando-os inerentemente mais seguros.

Vantagens do tório sobre o urânio

As vantagens do tório sobre o urânio são múltiplas e significativas:

  1. Segurança: Os reatores de tório são considerados mais seguros que os de urânio. “Praticamente todo o combustível, ou seja, todo o tório se transforma em urânio e, a partir daí, em elementos mais leves”, que têm um “tempo de vida radioativo muito mais curto”, explica o professor Marega.
  2. Eficiência: Uma tonelada de tório pode produzir tanta energia quanto 200 toneladas de urânio ou 3,5 milhões de toneladas de carvão.
  3. Menos resíduos: Os reatores de tório produzem significativamente menos resíduos radioativos e os que são produzidos têm uma meia-vida muito mais curta.
  4. Não-proliferação: Ao contrário dos reatores de urânio, os reatores de tório não produzem plutônio como subproduto, tornando-os menos adequados para a produção de armas nucleares.
  5. Abundância: O tório é mais abundante na crosta terrestre que o urânio, o que poderia garantir um suprimento de combustível por milhares de anos.

Desafios e obstáculos

Apesar das muitas vantagens, a adoção generalizada da tecnologia de tório enfrenta vários desafios. Um dos principais é o custo inicial de desenvolvimento e implementação. A infraestrutura existente para energia nuclear é baseada em urânio, e a transição para o tório exigiria investimentos significativos em pesquisa, desenvolvimento e infraestrutura.Além disso, há desafios técnicos a serem superados. Por exemplo, o tório é mais difícil de enriquecer que o urânio, e os reatores de tório ainda estão em estágios experimentais em muitos aspectos.

Há também preocupações ambientais associadas à mineração de tório. Durante o processo de extração, grandes quantidades de resíduos tóxicos são gerados, contaminando o solo e os lençóis freáticos. Estes problemas precisam ser adequadamente abordados para que o tório possa ser considerado uma alternativa verdadeiramente sustentável.

Pesquisa e desenvolvimento global

Vários países estão investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de tório. A China, em particular, está na vanguarda desses esforços. Em junho de 2023, o órgão de segurança nuclear da China emitiu uma licença operacional para o primeiro reator de tório do país, um reator de sal fundido de tório (MSR) movido a combustível líquido.

Este tipo de reator “gera mais eletricidade do que as outras [tecnologias nucleares], quase não emite dióxido de carbono, garante um abastecimento contínuo, usa combustível mais barato e produz menos resíduos radioativos”.A Índia, que possui algumas das maiores reservas de tório do mundo, também tem um programa ambicioso para desenvolver reatores de tório. O país pretende que, na próxima década, 25% de sua produção energética venha do tório.

Outros países, como Noruega e Estados Unidos, também estão investindo em pesquisa sobre tório. Na Noruega, a empresa Thor Energy, em colaboração com o governo e a Westinghouse, anunciou um teste de quatro anos usando o tório em um reator nuclear existente.

O futuro do tório no Brasil

O Brasil, com suas significativas reservas de tório, também tem potencial para se beneficiar desta tecnologia. O país possui a sexta maior reserva de tório do mundo, com cerca de 302.000 toneladas. No entanto, o desenvolvimento de tecnologia de tório no Brasil ainda está em estágios iniciais.

Um estudo realizado pela Marinha do Brasil propôs um mapa tecnológico para a construção de um reator de tório no país, com o objetivo de viabilizar a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento desta tecnologia.

O professor Marega destaca que o tório “também é bem mais econômico do que os reatores atuais e necessita de uma menor quantidade de combustível nuclear para funcionar”. Isso poderia representar uma oportunidade significativa para o Brasil, tanto em termos de segurança energética quanto de desenvolvimento tecnológico.

O tório representa uma promessa significativa para o futuro da energia nuclear. Com sua maior abundância, maior segurança e menor produção de resíduos, ele poderia potencialmente resolver muitos dos problemas associados à energia nuclear tradicional.No entanto, é importante reconhecer que ainda há desafios significativos a serem superados antes que os reatores de tório possam ser amplamente adotados. Estes incluem desafios técnicos, econômicos e regulatórios.

Apesar disso, o interesse crescente de países como China, Índia e Noruega, bem como o potencial do Brasil nesta área, sugere que o tório pode desempenhar um papel importante no futuro mix energético global. À medida que a busca por fontes de energia limpas e sustentáveis se intensifica, o tório emerge como uma opção promissora que merece atenção e investimento contínuos.

Como o professor Marega conclui: “Acreditamos que isso representa um passo adicional na evolução do tório que contribuirá para a sustentabilidade a longo prazo da energia nuclear em geral”. O futuro da energia nuclear pode muito bem ser alimentado por tório, e o mundo está observando atentamente o desenvolvimento desta tecnologia promissora.

Redação Revista Amazônia

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