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Fiocruz desenvolve bioimpressora 3D que utiliza biotinta para criar tecidos biológicos

 

Uma nova tecnologia para fabricar bioimpressoras 3D de baixo custo e código aberto foi desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Universidade Veiga de Almeida (UVA). A inovação, que está próxima de chegar ao mercado, promete revolucionar áreas como saúde humana e animal, pesquisas biomédicas e até a indústria alimentícia.

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Bioimpressora emprega biotinta

Diferente das impressoras 3D tradicionais que utilizam materiais como plástico, a bioimpressora emprega biotinta, composta por células vivas imersas em um hidrogel à base de biopolímeros. Segundo Luiz Anastácio Alves, pesquisador do Laboratório de Comunicação Celular do IOC, essa biotinta imita as condições do organismo, permitindo que as células se organizem em estruturas tridimensionais, resultando em modelos de tecido que são mais próximos da realidade do que as culturas em 2D.

Financiado pela Faperj, o projeto também abre caminho para a criação de uma empresa especializada no desenvolvimento e produção de bioimpressoras e biotintas, através de uma spin-off do IOC, impulsionada pelo Programa Doutor Empreendedor, iniciativa que visa transformar conhecimentos acadêmicos em inovação.

Aplicações e potencial da tecnologia

Um dos maiores sucessos da bioimpressão 3D até o momento é a criação de pele artificial, usada em pacientes com queimaduras graves e em testes de medicamentos e cosméticos. Além disso, os especialistas apontam para o futuro da tecnologia no desenvolvimento de órgãos complexos como coração e pulmão, bem como sua utilidade em reduzir o uso de animais em testes de fármacos.

Acessibilidade e inovação

Com o custo de bioimpressoras tradicionais variando entre 13 mil e 300 mil dólares, e o preço da biotinta alcançando até 100 mil dólares por grama, a inovação brasileira é um marco ao permitir a produção de equipamentos mais acessíveis, contribuindo para a independência tecnológica do país. Estima-se que o mercado de bioimpressão, atualmente avaliado em 1,5 bilhão de dólares, cresça para 6 bilhões nos próximos cinco anos.

A tecnologia foi descrita em um artigo na revista Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, destacando a construção de bioimpressoras utilizando sucata e componentes eletrônicos baratos. O custo estimado do equipamento gira em torno de mil reais, tornando-o acessível para laboratórios com orçamentos limitados.

Próximos passos

O projeto prevê a criação de uma bioimpressora comercial com três bicos de extrusão, possibilitando a fabricação de tecidos mais complexos, como minipâncreas. Além disso, está em desenvolvimento um software mais intuitivo e duas novas biotintas, voltadas tanto para aplicações humanas quanto veterinárias.

A expectativa é que a nova empresa esteja formalizada em menos de um ano e que os produtos desenvolvidos sejam apresentados dentro de dois anos, consolidando o Brasil no cenário global de bioimpressão.

Redação Revista Amazônia

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