Dois novos estudos publicados nas revistas Science e Nature revelam um cenário alarmante: as florestas tropicais das Américas estão tentando se adaptar às mudanças climáticas, mas em um ritmo muito mais lento do que o necessário para acompanhar o aquecimento global.
As pesquisas, que contaram com participação brasileira, mostram que essa lentidão pode comprometer a biodiversidade e a capacidade das florestas de armazenar carbono, agravando ainda mais a crise climática.
As pesquisas indicam que as florestas tropicais estão gradualmente substituindo espécies de grande porte como jatobás, ipês e castanheiras-do-pará por árvores menores e decíduas (que perdem folhas na estação seca). Essas últimas têm maior plasticidade adaptativa, mas armazenam menos carbono e reduzem a capacidade fotossintética da floresta.
“Espécies de madeira densa estão desaparecendo porque não conseguem acompanhar as mudanças climáticas. Isso afeta diretamente a capacidade da floresta de sequestrar carbono”, explica Carlos Joly, professor emérito da Unicamp e coautor dos estudos.
Os estudos combinaram décadas de observações em 415 parcelas de floresta (do México ao sul do Brasil) com dados de satélite da Agência Espacial Europeia. Essa abordagem permitiu mapear mudanças na estrutura e na composição das florestas em escala continental.
“Com imagens de satélite, expandimos a análise para África e Ásia, onde há menos dados de campo. Mas o trabalho presencial ainda é essencial para validar as informações”, ressalta Jesús Aguirre-Gutiérrez, da Universidade de Oxford, líder das pesquisas.
As transformações observadas aumentam a vulnerabilidade das florestas a eventos extremos, como secas prolongadas e incêndios. Simone Vieira, pesquisadora da Unicamp e coautora dos estudos, alerta:
“Se não agirmos, as florestas podem perder funções críticas, como regular o ciclo do carbono e das chuvas, antes mesmo de conseguirem se adaptar.”
Os pesquisadores destacam que a simples proteção de áreas degradadas não garante a recuperação de espécies nobres, que têm crescimento lento e alta mortalidade. Uma solução proposta é a regeneração natural assistida, priorizando o plantio de espécies nativas mais resistentes às novas condições climáticas.
“Precisamos selecionar árvores adaptadas ao clima atual para aumentar o sucesso de reflorestamentos”, sugere Aguirre-Gutiérrez.
Os estudos reforçam a necessidade de políticas públicas que combinem:
✔ Monitoramento contínuo (combinando satélites e pesquisas de campo)
✔ Restauração florestal inteligente (com espécies resilientes)
✔ Combate ao desmatamento e fragmentação (que prejudica a dispersão de sementes)
“A ciência já mostrou os riscos. Agora, precisamos de ações concretas antes que seja tarde”, conclui Joly.
O artigo Tropical forests in the Americas are changing too slowly to track climate change pode ser acessado em www.science.org/doi/10.1126/science.adl5414 e o estudo Canopy functional trait variation across Earth’s tropical forests está disponível em www.nature.com/articles/s41586-025-08663-2
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