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Criador do Spotify revoluciona na medicina preventiva com escaneamento corporal e IA. Conheça a Neko Health

O fundador do Spotify, Daniel Ek, conhecido por transformar a indústria musical com streaming, está escrevendo um novo capítulo na saúde global.

Sua startup, a Neko Health, combina sensores de última geração, inteligência artificial (IA) e uma visão proativa para detectar doenças antes que se manifestem. Com um scanner corporal que analisa 50 milhões de dados em minutos, a empresa já avaliou 10 mil pacientes e acumula uma lista de espera de 100 mil pessoas.

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Neste especial, exploramos como a tecnologia funciona, seu impacto na medicina e os desafios para dominar o mercado de US$ 1,8 trilhão de saúde preventiva.

 

A Gênese da Neko Health: Do Spotify para a Saúde

Daniel Ek não é um novato em desafiar setores tradicionais. Após revolucionar o acesso à música, ele voltou sua atenção para um problema urgente: a crise global de sistemas de saúde sobrecarregados e reativos. Em 2018, ao lado do empreendedor Hjalmar Nilsonne, Ek fundou a Neko Health na Suécia. A meta era clara: criar um sistema de saúde “proativo”, focado em prevenção e detecção precoce.

O diagnóstico de um mercado doente:

  • Na Suécia, os custos com saúde cresceram 50% mais rápido que o PIB desde 2000.
  • Na UE, 28 dos 32 países enfrentam pressão similar, com hospitais priorizando tratamentos emergenciais em vez de prevenção.
  • “Fazemos manutenção anual de carros, mas esperamos nossos corpos adoecerem para agir. Isso não faz sentido”, destacou Ek em comunicado.

A resposta da Neko Health foi o Neko Body Scan, um scanner corporal desenvolvido após quatro anos de pesquisas e um investimento inicial de €6 milhões (R$33 milhões) dos fundadores.

Tecnologia: Como o Scanner de 70 Sensores Funciona

O scanner é o coração da operação. Em uma sala minimalista, o paciente veste apenas roupa íntima e um roupão, entra em uma câmara cilíndrica e, em 10-15 minutos, tem seu corpo analisado por:

1. Sensores de alta precisão:

  • 70+ dispositivos capturam 50 milhões de pontos de dados.
  • Detecção de melanoma: Identifica alterações cutâneas de 0,2 mm, menores que a espessura de uma unha.
  • Monitoramento cardíaco: Analisa microcirculação, pressão arterial, rigidez vascular e ritmo.
  1. Integração com IA:
  • Algoritmos de autoaprendizagem cruzam dados em tempo real, destacando anomalias.
  • 15 GB de dados por sessão são processados, gerando relatórios visuais comparáveis a “mapas de calor” da saúde.
  1. Consulta médica personalizada:
  • Em até 1 hora, um médico interpreta os resultados, indicando desde ajustes no estilo de vida até encaminhamentos para cirurgias.
  • Pacientes recebem acesso a um app para monitorar tendências, como variações no colesterol ou na pressão.

Custo:

  • R$ 980 na Suécia | R$ 2.200 (£299) no Reino Unido2845.

Impacto Médico: Detectando o Invisível

Dados de 2023 a 2024 revelam como a tecnologia está salvando vidas:

Casos emblemáticos:

  • Aneurisma abdominal: Um paciente assintomático de 47 anos foi encaminhado para cirurgia em duas semanas após o scanner detectar uma dilatação crítica na aorta.
  • Melanoma precoce: 90% dos casos identificados estavam em estágio inicial, com taxa de cura superior a 95%.

Estatísticas globais (2024):

  • 14% dos pacientes necessitaram de acompanhamento (ex.: hipertensão moderada).
  • 1% receberam intervenções críticas (cirurgias, tratamentos contra câncer).
  • 25% dos diagnosticados com condições graves tinham menos de 50 anos.

“Identificamos diabetes tipo 2 em estágio pré-clínico em 6,6% dos casos. A maioria nem desconfiava”, afirmou Nilsonne ao The Guardian.

Expansão e Desafios Regulatórios

Com clínicas em Estocolmo e Londres, a Neko Health mira os EUA após captar US$ 260 milhões em janeiro de 2025. O valuation da startup atingiu US$ 1,8 bilhão, atraindo gigantes como a Lightspeed Ventures e a General Catalyst.

Estratégia de crescimento:

  • Aquisições: A startup comprou uma empresa de sensores para melhorar a coleta de dados.
  • Novas clínicas: 20 unidades planejadas até 2026, incluindo EUA e Europa.

O obstáculo FDA:

Para operar nos EUA, o scanner precisa da aprovação da Food and Drug Administration (FDA), classificada como dispositivo Classe III (alto risco). O processo exige:

  1. Submissão de dados clínicos (estudos com milhares de pacientes).
  2. Revisão em 4 fases:
    • Administrativa (45 dias).
    • Técnica (180 dias).
    • Consulta a painel consultivo.
    • Decisão final (até 12 meses).

Enquanto aguarda a homologação, a Neko estuda parcerias com redes hospitalares para testes piloto.

Críticas e Limitações

Apesar do otimismo, especialistas apontam desafios:

  1. Acessibilidade:
  • O preço do exame (R$ 2.200) é proibitivo para 70% da população brasileira, segundo o IBGE.
  • “Tecnologia revolucionária, mas ainda restrita a elites”, criticou o médico Eduardo Della Giustina, CEO da Health ID.
  1. Sobrecarga de dados:
  • 15% dos pacientes relatam “ansiedade” ao receberem dezenas de indicadores sem contexto.
  • A Neko respondeu incluindo sessões de aconselhamento psicológico opcionais.
  1. Regulatórios:
  • No Brasil, a ANVISA exige 18-24 meses para registrar dispositivos similares, além de estudos locais.

O Futuro da Saúde Preventiva

A aposta da Neko Health reflete uma tendência global. O mercado de medicina preventiva deve crescer 7% ao ano, atingindo US$ 3,5 trilhões até 2030. Startups como a Forward (EUA) e a Zoi (Alemanha) competem com modelos similares, mas nenhuma alcançou a escala da Neko.Inovações em desenvolvimento:

  • Predictive analytics: IA para prever riscos de doenças com 5 anos de antecedência.
  • Integração com wearables: Syncing dados de smartwatches ao histórico do scanner.

“Esta é a primeira geração que poderá evitar infartos, não apenas tratá-los”, projetou Ek em entrevista à Bloomberg.

Uma Revolução em Etapas

A Neko Health não é uma cura milagrosa, mas um passo audacioso para redesenhar a relação entre tecnologia e bem-estar. Seu sucesso dependerá de:

  • Superar barreiras regulatórias sem comprometer a inovação.
  • Democratizar o acesso, possivelmente via parcerias com sistemas públicos.
  • Educar pacientes para transformar dados em ações preventivas.

Enquanto isso, a fila de espera de 100 mil pessoas sinaliza: o futuro da saúde é rápido, digital e—se Ek estiver certo, muito menos doloroso

Redação Revista Amazônia

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