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G7 falha em cumprir meta climática de eliminar subsídios aos combustíveis fósseis, aponta relatório

Um novo relatório ambiental revela que os países do G7 estão longe de cumprir o compromisso assumido em 2016 de eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis até 2025. Pelo contrário, a maioria dessas nações aumentou os incentivos financeiros ao petróleo, gás e carvão, comprometendo os esforços globais para combater as mudanças climáticas.

Imagem: Ralf Vetterle/Pixabay

Subsídios aos combustíveis fósseis aumentaram

O grupo, composto por Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos, prometeu há quase uma década acabar com os subsídios considerados prejudiciais ao meio ambiente. No entanto, dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), analisados pelo Fórum para uma Economia de Mercado Ecológica e Social (FöS), mostram que, em 2023, os subsídios aos combustíveis fósseis aumentaram 15% em relação a 2016, totalizando 1,36 trilhão de dólares (1,32 trilhão de euros).

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“Os países do G7, algumas das nações mais ricas e poderosas do mundo, deram a si mesmos quase uma década para agir, mas não só falharam em cumprir a meta como aumentaram os gastos com combustíveis que destroem o clima”, criticou Virag Kaufer, líder do Greenpeace para clima e energia.

Quem são os maiores incentivadores?

Subsídios totais aos combustíveis fósseis das nações do G7, metodologia do FMI (milhões de dólares, 2016, 2023)

Fonte: Greenpeace

A Itália lidera o ranking dos países que mais aumentaram os subsídios, com um crescimento de 166% desde 2016, passando de 17 bilhões de dólares (16,4 bilhões de euros) para 46 bilhões de dólares (44,5 bilhões de euros) em 2023. A Alemanha, por sua vez, foi a que mais investiu em termos absolutos, com um acréscimo de 37,4 bilhões de dólares (36 bilhões de euros) no período, um aumento de 49%.

Sophia van Vügt, do Greenpeace Alemanha, destacou que o governo alemão está criando “falsos incentivos” ao subsidiar combustíveis fósseis. “A terceira maior economia do mundo estaria melhor se aliviasse a carga sobre as pessoas com um imposto climático socialmente justo, em vez de financiar comportamentos prejudiciais ao clima”, afirmou.

A França e o Reino Unido também aumentaram seus subsídios em 40% e 22%, respectivamente. Já os Estados Unidos, embora tenham mantido uma trajetória de alta, continuam sendo o maior investidor em subsídios, com 790 bilhões de dólares (765 bilhões de euros) em 2023. O Japão aparece em segundo lugar, com 269 bilhões de dólares (260 bilhões de euros).

O Canadá foi o único país do G7 a reduzir os subsídios, com uma queda modesta de 11%, passando de 44 bilhões de dólares (42,5 bilhões de euros) em 2016 para 39 bilhões de dólares (37,8 bilhões de euros) em 2023.

Por que os subsídios são um problema?

Os subsídios aos combustíveis fósseis dificultam a transição para energias limpas, tornando as tecnologias renováveis menos competitivas e menos atraentes para investimentos. Além disso, esses incentivos beneficiam desproporcionalmente os mais ricos, que têm uma pegada de carbono maior, enquanto mantêm as populações de baixa renda dependentes de fontes de energia insustentáveis.

A eliminação desses subsídios é considerada uma das medidas mais eficazes e de menor custo para que os governos cumpram suas metas no âmbito do Acordo de Paris. No entanto, o relatório do Greenpeace mostra que, em vez de avançar nessa direção, os países do G7 estão reforçando a dependência de combustíveis fósseis.

“Com este ano já marcado por recordes de danos causados por incêndios nos EUA, outras catástrofes climáticas e lucros exorbitantes para as empresas de combustíveis fósseis, os governos precisam redirecionar urgentemente os gastos públicos para uma transição justa e sustentável”, afirmou Kaufer.

Respostas dos governos

Em resposta às críticas, um porta-voz do governo alemão afirmou que o país está comprometido em reduzir os subsídios prejudiciais ao clima e redirecionar recursos para investimentos sustentáveis. No entanto, a implementação de medidas concretas dependerá do resultado das próximas eleições.

Já os governos da França, Itália e Reino Unido não se manifestaram sobre o relatório até o momento da publicação.

Necessário mudanças urgentes

O relatório do Greenpeace expõe a contradição entre os discursos climáticos dos países do G7 e suas ações concretas. Enquanto o mundo enfrenta crises ambientais cada vez mais severas, a manutenção dos subsídios aos combustíveis fósseis por essas nações ricas e influentes representa um obstáculo significativo para a transição energética global. A pressão por mudanças urgentes e efetivas continua a crescer, mas o tempo para agir está se esgotando.

Redação Revista Amazônia

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