Foto: Alex Ribeiro / Ag. Pará
A Companhia de Gás do Pará (GdP) acaba de dar um passo estratégico rumo à expansão de sua rede de distribuição de gás natural no Estado. Em encontro com diretores do Grupo Reicon, referência em logística e transporte rodofluvial na região Norte, a GdP discutiu planos para levar o gás de Barcarena a localidades longínquas como o Baixo Amazonas, o Baixo Tocantins e cidades do sudeste paraense, além da Região Metropolitana de Belém.
Durante a reunião, realizada na sede da companhia, o diretor-presidente da GdP, Flexa Ribeiro, o diretor administrativo e financeiro, André Macedo, e o diretor técnico comercial, Paulo Guardado, debateram alternativas logísticas para levar Gás Natural Liquefeito (GNL) a grandes volumes até municípios como Marabá, Oriximiná, Munguba e Juruti. Do lado da Reicon, participaram os diretores José Rebelo III, Francisco Guzzo Júnior e Pelágio Carvalho, trazendo à mesa a expertise no transporte de combustíveis líquidos via rodofluvial.
Flexa Ribeiro destacou que a demanda por gás no Pará já desperta mobilização local: “Têm nos procurado representantes de empresas e municípios que aguardam a chegada do gás natural. Estudamos soluções específicas para alcançar cada região”. Ele enfatizou que a expansão da rede responde à diretriz do governador Helder Barbalho e da vice-governadora Hana Pereira, alinhada à estratégia chamada “Gás Por Todo o Pará”.
A GdP busca alternativas diversas para viabilizar o transporte do gás natural até áreas remotas. Uma delas prevê o uso de carretas para transportar Gás Natural Comprimido (GNC) em um raio de até 150 quilômetros a partir de Barcarena, contemplando municípios da Grande Belém. Esse plano serve como base para introduzir o Gás Natural Veicular (GNV), oferecendo aos consumidores paraenses uma opção mais limpa e, possivelmente, mais barata para abastecimento automotivo.
Se a estratégia prosperar, a GdP poderá articular distribuição de GNL ou GNC a locais que hoje enfrent escassez de infraestrutura energética moderna. O uso de transportes combinados — rodofluvial + rodoviário — aparece como uma alternativa promissora para encurtar distâncias geográficas e aumentar a capilaridade do fornecimento.
Esse esforço técnico não busca apenas expandir a malha física, mas viabilizar uma transição energética no Pará, com menor uso de combustíveis fósseis mais poluentes, redução nas emissões de CO₂ e melhoria do acesso ao gás como fonte de energia industrial, comercial e residencial. A companhia também aposta que o gás poderá impulsionar o desenvolvimento local, apoiar atividades industriais, inclusive aquelas que dependem de energia estável e de menor custo, e reconfigurar o perfil energético de municípios antes fora da malha.
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Levar gás natural a regiões remotas apresenta desafios logísticos e regulatórios de monta. A infraestrutura de dutos costuma demandar altos investimentos e passa por dificuldades de terreno, topografia, travessias fluviais e longas distâncias entre centros urbanos. Por isso, o uso de caminhões e carretas para transporte de GNC torna-se uma alternativa mais flexível e adaptável.
No modelo planejado, o gás liquefeito seria transportado até pontos estratégicos, descarregado e reodidado para vasos de pressão ou redes menores que distribuem ao consumidor final. Outro fator vital é a viabilidade econômica: o custo de transporte e compressão precisa ser compatível para que o produto chegue ao usuário com preço competitivo.
Para tanto, a parceria com a Reicon faz todo sentido: a empresa já domina o transporte rodofluvial de combustíveis líquidos na Amazônia. Sua experiência poderá ser decisiva para superar gargalos de logística fluvial, transbordo e integração rodoviária nas rotas mais desafiadoras do Pará.
Se concretizado, o projeto representará um salto para o projeto energético do Pará. Municípios historicamente afastados dos grandes centros terão acesso a gás natural, o que pode viabilizar indústrias, gerar emprego e reduzir custos energéticos. Para residências e comércios, o gás representa alternativa mais limpa e eficiente ao óleo diesel ou ao uso intenso de energia elétrica em aquecimento ou cocção.
Além disso, a introdução do GNV em áreas metropolitanas e distantes pode reduzir poluentes veiculares, melhorar a qualidade do ar e diversificar a matriz de combustíveis no Estado.
O movimento também se insere no discurso nacional de descentralização energética: não basta concentrar infraestrutura nas regiões mais densas; ampliar o acesso é fundamental para uma transição justa.
O avanço desse plano depende de execução técnica, viabilidade econômica e parcerias público-privadas. A GdP e a Reicon deverão mapear rotas viáveis, definir terminais de recepção, pontos de distribuição intermediários, infraestrutura de compressão e logística reversa, dependendo dos locais.
Também será essencial garantir apoio regulatório estadual e federal para definir contratos, tarifas e subsídios se necessários, bem como acompanhar a demanda local, estudo de mercado e viabilidade para o GNV.
Em suma, o encontro entre Gás do Pará e Reicon abre caminho para reescrever a geografia energética do Estado: conectar Barcarena ao interior por gás natural, transformar cidades isoladas com energia moderna e impulsionar uma transição mais limpa e inclusiva.
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